Momentos Mágicos – dia 12 de maio de 2018


A gente idealiza demais as várias formas de experiência religiosa. Não entendemos a natureza das situações que trazem perplexidade, as coincidências, os avisos sutis, nem os eventos sobrenaturais. Mas eles podem acontecer bem aqui a nossa volta. Não precisamos estar no Sinai ou em Jerusalém. Nem mesmo é preciso haver atmosferas preparadas para o sagrado. Ao contrário, milagres costumam acontecer em ambientes não preparados. Pode ser na esquina, num igarapé do Rio Negro, na foz do Bigajós ou em um momento de congelamento desesperador. (ROSEMBAUN, p.459, 460)


Esse trecho do livro “A verdade lançada ao solo”, de Paulo Rosembaun, aparece num diálogo entre dois alpinistas perdidos no alto de uma montanha e que aguardam por uma morte quase certa. Aproveitam a situação para analisar suas vidas, confrontar-se filosoficamente.


A frase define para mim o que eu entendo como "momento mágico".

Caminhei há pouco pela cidade, que já se encontra escura, após um dia ensolarado.
As luzes da cidade compõem um cenário fantástico, misturando iluminação pública com luzes de propaganda nas fachadas dos prédios comerciais. Casas e apartamentos com janelas iluminadas, denunciando famílias no seu aconchego. Automóveis e seus faróis completam o cenário artificial.

No céu, a lua e as estrelas emitem uma luz natural, ofuscada pela cidade, perdendo na competição pela atenção daqueles que passam pelas ruas. 

Um olhar atento nos revela milagres diversos que deixariam prostradas pessoas num passado não muito distante.

A iluminação pública já foi motivo de assombro - foi instalada pela primeira vez em Paris, o que conferiu àquela cidade o apelido de "cidade luz", reconhecida assim até os dias atuais. 

Automóveis também foram inventados e começaram a povoar o planeta a não muito tempo, considerando o tempo de registro da história humana.

O crescimento das cidades cria cenários que outrora seriam considerados fantásticos em paisagem comum. O que é comum acaba por passar despercebido, diminuindo sua importância para as pessoas. É como se tornassem invisíveis. Nossa mente seletiva os elimina.

A lua e as estrelas, essas ainda mais esquecidas pela maior parte das pessoas, foram alvo de tantas especulações e fascinação no passado que, posso dizer sem medo de exagerar, promoveram a curiosidade humana pelo cosmos e, com isso, a evolução científica que vivemos no presente.

Apesar de esquecidos, esses milagres estão aí, ao nosso alcance: basta olharmos para eles e nos encantar, como fizeram filósofos e pensadores num passado recente.









Comments

Popular posts from this blog

A PRAIA

GUERRA À ESTUPIDEZ

Resenha do livro: O Vôo da Gaivota, de Emmanuelle Laborit.