João Abeid Filho

Dia de espera, dia de fé.... Jesus morre na cruz e hoje existe a fé de que ressurgirá, conforme predito nas escrituras. A agonia e a desilusão dos seus seguidores é relatada, o que revela a dúvida e o pouco entendimento sobre o que o Mestre disse em seu último encontro. Os discípulos se sentem perdidos e medrosos. Desiludidos, pensam que tudo acabou, tudo não passara de um sonho, uma ilusão. No terceiro dia Ele ressuscitará, mas, hoje é ainda uma promessa, até mesmo esquecida por aqueles que o ouviam: Ele disse o que ocorreria:  "É necessário que o Filho do homem sofra muitas coisas e seja rejeitado pelos líderes religiosos, pelos chefes dos sacerdotes e pelos mestres da lei, seja morto e ressuscite no terceiro dia".(Lucas 9:22) Mas seus seguidores não haviam compreendido a grandiosidade de sua previsão. Hoje é dia de expectativa, de apreensão, mas, para nós que já sabemos como essa linda história ocorreu, aguardamos um amanhã glorioso. Curi

Sexta-feria Santa, tempo de lembrar a maior insensatez humana em toda a nossa história. Cristãos de todo o mundo lembram do dia em que Jesus, aquele que pregou o amor incondicional, foi entregue para morrer. Esse mestre que ensinava sobre o amor, com poder para revidar toda a agressão a Ele dirigida, ensinou-nos a dar a outra face: Quem dá a outra face não tem medo do agressor, pois não se sente agredido por ele, nem tem medo de sua própria emoção, pois não é escravo dela. (P. 138)* Todo esse amor incondicional, essa capacidade descomunal de perdoar, foi desprezada e condenada a morte. Ainda hoje sofremos com a insensatez humana, basta ligar a TV e percebemos um mundo em crise moral, líderes políticos que semeiam guerras e bombardeiam escolas e hospitais, traficantes e policiais baleando crianças, mães, indefesos de forma impune. A mensagem de Jesus é atemporal e os homens continuam sem saber o que fazem, pelo que Ele pediu perdão ao Pai quando na cruz. M

Elásticas como a borracha, as teias de aranhas podem ser mais firmes que fibras de Nylon ou Kevlar (aquelas usadas para confeccionar coletes à prova de balas). Além de serem antimicrobianas, hipoalergênicas e biodegradáveis. [1] Hoje fui surpreendido por uma curiosa construção civil: uma enorme teia de aranha. Essa teia estava no quintal de uma residência, num local que sugeria certa reverência: como se o local fosse destinado à aranha, tamanho o destaque que ela assumiu na residência. Um momento mágico incrível com muitas reflexões, a começar pelo texto que extraí e coloquei no início deste post. Um ser de mínimas proporções, quando comparado a nós humanos, consegue sozinho tecer uma obra dessa natureza. Uma obra feita para sua alimentação, fator de equilíbrio ecológico, é também biodegradável, além de proteger a aranha de visitantes indesejados, mas permitir que os desejados ali se prendam. A teia, quase invisível, interrompe o caminho dos insetos e os coloca

Um encontro inusitado... O dia de hoje me levou à zona rural de Joinville. Após algumas visitas, deparei-me com um pasto. A vista de uma beleza estonteante.  Entretanto, quando parei para olhar esse pasto, um olhar se dirigia a mim. Uma vaca me olhava diretamente em meus olhos. Ela aguardou até mesmo eu ter o tempo necessário para fotografá-la: parecia querer me dizer algo. Entre mim e ela, uma cerca nos separando. O que será que ela queria me dizer?  Fiquei a pensar naquele encontro inusitado, onde dois seres com algumas diferenças de DNA e vivendo no mesmo planeta se encaram, numa tentativa frustrada de comunicação. A cerca nos separando, como um divisor de mundos - o urbano e o rural. Um momento mágico no qual ficaram mais perguntas do que respostas, mas, é bom saber que podemos conviver com seres tão diferentes de nós. Fica a questão: por que seres da mesma espécie, como a nossa, têm muitas vezes tantas dificuldades em se entender?

O segredo de uma velhice agradável consiste apenas na assinatura de um honroso pacto com a solidão. Gabriel García Márquez Hoje passei por diversos lugares e visitei alguns clientes. Uma senhora me contou que vive só pelo fato de seu marido ter falecido e de ter perdido contato com sua única filha, envolvida com drogas. Também, por conta de dívidas da filha com traficantes, perdeu o imóvel e hoje paga aluguel. Enquanto me contava sua história, o tempo pareceu parar e eu não consegui ouvir qualquer som, como se tivera sido capturado para outra dimensão. Essa história não é rara de se ouvir. Conheço muitos idosos que vivem sós, mergulhados em suas lembranças. Quem de nós nunca sentiu solidão, mesmo em meio a uma multidão? É uma sensação de aprisionamento: vivemos esses momentos presos a um passado, que pode ser bom ou ruim, mas, não é real. O passado tenta se eternizar em nossa memória e isso pode ser ruim, quando nos entristece ou nos paralisa. O

Não existe verdadeira inteligência sem bondade. Ludwig van Beethoven                                                                                                                     Num dia 26 de março, no ano de 1827, faleceu o compositor alemão Ludwig van Beethoven. O dia de hoje, mais frio e chuvoso, me trouxe essa reflexão, sobre um gênio da música que se curva à constatação de que a inteligência verdadeira só se alcança com a bondade. Essa genialidade, baseada na bondade, ele investiu na música. Alguma coisa sempre me disse que, se Deus vier falar conosco, seu contato seria através de uma música. Isso porque não vejo melhor forma de me emocionar do que uma boa música.  Não é por acaso que uma cena toma maior expressão quando acompanhada de um bom fundo musical. Meu momento mágico foi constatar que existe música no fundo de tudo o que escutamos. Não existe silêncio absoluto, mas, quando muito, ausência de sons culturais, ou seja, criados pelo homem. Na

Domingo de ramos: a história da recepção ao verdadeiro rei. Quando Jesus entra em Jerusalém, é recebido por uma multidão que carregava ramos nas mãos e o saudavam como o seu rei. Ramos, na época, simbolizavam a vitória - Jesus havia curado e até mesmo ressuscitado pessoas e as pessoas sabiam de seu poder. Jesus vinha montado em um jumentinho, numa demonstração jamais antes presenciada e inesperada por aqueles que recebem um "rei", do valor que dava à humildade. Proclamava que seu reino não é deste mundo e, com esse gesto, mostrou que nada que fosse material neste mundo poderia seduzi-lo. Hoje sai pela manhã e presenciei a saída de católicos da igreja do bairro onde moro, carregando ramos nas mãos. Um momento mágico ver aquela multidão com ramos caminhando pela calçada. Havia pessoas de todas as idades e um senhor, em especial, chamou-me à atenção. Aparentando idade avançada, corria pela calçada com um ramo em suas mãos como se fosse um moleque. Conseguiu,

Silêncio: um portal para as lembranças... Hoje experimentei momentos de silêncio. Como já disse antes, nasci em São Paulo, na capital. Uma cidade de muitos sons e poucos silêncios. Certa ocasião, viajei com minha tia para Ilha Comprida*. Na ocasião, não havia eletricidade na pequena ilha que começava a ser ocupada. A casa onde passamos um final de semana tinha apenas lampiões. O chuveiro era um balde que se situava numa armação no alto do banheiro - puxava-se uma haste e o balde virava, jogando a água sobre a pessoa. O calor era muito forte e não era necessário aquecer a água. Eu era apenas um menino, mas, lembro-me do banho gostoso que tomei naquele lugar rústico mas acolhedor. Mas o que me trouxe à memória daquela viagem foi o silêncio. Aquele local era muito silencioso, sobretudo às noites, que também eram de uma escuridão que eu nunca havia imaginado existir. Não creio haver o silêncio absoluto: aquele silêncio revelava sons naturais, de animais  e insetos como cigarras, sapos.

Cantar sem razão, encantar sem perceber: como é bom encontrar pessoas mágicas... Meu celular deixou de funcionar, desta vez sem perspectivas de conserto. Apesar de eu não gostar de consumir, tive que me render ao fato de que o smartphone é fator de inclusão contemporâneo. Isso me incomoda, pois, percebo que algumas tecnologias nos forçam a um consumo indesejado e nos tornamos cada vez mais dependentes de bens artificiais, que de nada atendem às nossas reais necessidades biológicas. Mas isso agora não vem ao caso: vamos ao momento mágico. Estava eu numa loja da VIVO, num atendimento demorado: fiquei cerca de uma hora na loja e isso depois de um dia de trabalho, um teste de paciência.  Comecei a ouvir alguém cantando. Percebi tratar-se de um jovem, que aguardava pacientemente ser chamado cantando. Fiquei maravilhado em saber que existem pessoas assim, que cantam sem se importar com as pessoas em sua volta, sem medo de ser mal julgado e, principalmente, sem

O PORTAL Houve dias em que a rua onde eu me encontrava terminava em uma linda visão do mangue. Hoje foi diferente: a rua termina num portal. Após o portal, um pasto que se estende no horizonte, tirando a visão de seu término, levando-me a sentir como que diante do infinito. A cena me traz um limite entre a cidade e o campo, uma linha divisória ornada pelo portal. Quem será que transpassa esse portal? Alguém que vive entre os dois mundos: que privilégio! Hoje foi um desses dias em que a gente não dormiu bem e se sente o dia inteiro como se estivesse pairando sobre os caminhos. Esse portal me despertou uma vontade imensa de transpor o urbano para o campo, dialogar com árvores, pássaros, cavalos, bois, galinhas. Dialogar não seria a melhor definição, uma vez que esses seres não dominam a fala. Mas era isso mesmo que eu buscava: apenas falar e ter algum ser para me ouvir, um desses anjos que caminham sobre quatro patas ou daqueles que voam, que ouvem tudo sem julgamen

Hoje o outono mostrou, enfim, a sua marca em meus caminhos. No caminho para o trabalho, pequenas folhas de um amarelo notável, teciam um tapete aqui e ali. Um tapete dourado estendido para a minha passagem. Senti-me tal como um rei, que tem seu caminho enfeitado. As diferenças, obviamente, são muitas, pois, não sou rei e os enfeites são graciosamente produzidos por fenômenos naturais. E esses enfeites não foram colocados apenas para mim, mas, com a sabedoria ancestral da natureza, estão lá para todos, sem seleções ou restrições. Pássaros também produziram sons divertidos e desestressantes, acalmando minha mente. A conexão que existe entre todo o universo é ainda incompreendida em sua profundidade. Entretanto, sabe-se que tudo o que existe é apenas uma organização diferenciada dos mesmos elementos atômicos.  Essa conexão é fato constatado, no plano físico, o que abre espaço para pensarmos na possibilidade de uma sintonia entre todos os elementos e seres no planeta.

Se você acha que 7 bilhões de humanos é um número muito grande, espere até ouvir essa: estima-se que existam 10,000,000,000,000,000 de formigas na Terra. [1] Hoje encontrei uma carreira de formigas levando pequenas flores. Pequeninas criaturas numa atitude poética e repleta de possíveis interpretações. Para alguns, apenas uma manifestação comum da espécie – para mim, mais um lindo momento mágico de desenvolvendo num quintal qualquer de uma casa num bairro distante. A cena me impressionou pelo fato de levarem florezinhas para seu formigueiro. Será que se alimentam de flores? Formigas cortadeiras usam as folhas para cultivar um tipo de fungo (uma espécie de mofo) que utilizam como alimento. Isso mesmo! Dentro do ninho elas mastigam as folhas e formam uma polpa que usam como base para cultivar fungos em seus jardins subterrâneos. Os formigueiros geralmente são imensos. Os ninhos podem ter mil câmaras e se estender a profundidades de até seis metros. Lá dentro, cerca de um m

Apesar de tudo o que se crê sobre as noites, não são somente os morcegos ou criaturas sinistras que passeiam pela cidade. Hoje eu fui agraciado com a visita de uma família de pequenos preás, que saíram de uma moita e  chamaram a atenção de quem passava pelo local. Esses pequenos animaizinhos são ariscos e é muito difícil a aproximação. Têm medo do "bicho homem" - afinal, quem não teria? A sua aparente fragilidade contrasta com sua convivência em locais públicos e essa seja talvez mais uma razão pela qual avistá-los seja difícil. Obviamente eu não os medi, mas, encontrei citações sobre seu tamanho: medem de 25 a 30 centímetros. Também descobri que esses bichinhos têm hábitos noturnos. Ainda não era noite quando os avistei, mas já caia a tarde lentamente sobre a cidade que ainda apresentava um sol tórrido de um dia muito quente de verão. Um momento mágico em que pude vê-los, assim como as demais pessoas que por ali passavam, sem que interferíssemo

Olhando pela janela... hoje é um domingo de calmaria, sonolência. Da sala, olho pela janela e vejo um universo externo, me reportando a muitas reflexões. Quantos significados advém de uma janela? Incontáveis decerto. De dentro de casa, como que aprisionado, vemos pelas janelas o mundo acontecer, repleto de histórias, a maior parte delas que nunca chegaremos a conhecer. Em cada casa que vejo na rua, alguma história se desenrola e minha curiosidade cria cenários imaginários. Em uma delas, à direita, um casal pode estar discutindo. À esquerda, crianças brincam no quintal. Do lado oposto da rua, uma casa vazia, à venda: que histórias teriam sido vivenciadas nesse local? Há sempre magia na observação. Lembro-me criança, na cidade de São Paulo, olhando a rua da sacada do apartamento onde nasci. Existia um fato curioso em meu quarto. Quando amanhecia, a forma como a luz começava a entrar pela janela, fazia com que imagens fosse projetadas na parede e eu via, ainda que de fo

Hoje tem sapato na pia da cozinha... pois é, e isso me deixa extremamente feliz, porque os sapatos são de criança e criança em casa é mágica das mais belas. Sapato na pia da cozinha, brinquedos no chão da sala, o cachorrinho amuado com ciumes, assim é o dia de hoje: atenção total a um ser pequenino e iluminado. Assim são as crianças, seres puros, páginas em branco, despertadores do amor incondicional. É claro que tem choro, tem birra, tem fraldas para serem trocadas, noites em claro, mas isso é para os pais. O meu caso, no status de vovô, fico com a melhor parte: brincar e me deliciar com essa presença angelical. Acho que toda a pessoa com depressão deveria ser agraciada com a presença de uma criança. Isso porque acho difícil se entristecer diante desses anjinhos. Pequenos curiosos, são a esperança de um novo mundo, de continuidade e perpetuação do que pudermos deixar como legado Quer melhor sábado do que esse, em que encontramos sapatos na pia da cozinha?

Hoje eu fui arrebatado por múltiplos momentos mágicos. Em região nobre da cidade, dei-me com um portão de acesso a um condomínio de alto padrão que me fez lembrar a porta para o Paraíso. Um grande portão fechado e controlado eletronicamente, interrompe o caminho de pessoas que não façam parte da elite que habita o local. É possível ver, através do portão, a beleza do lugar e sonhar com a possibilidade de transpor seus limites. Em outro extremo da cidade, encontrei uma nova ocupação: uma comunidade ocupou um terreno público e habitam 160 famílias no local. O acesso é livre, as casas resumem-se a barracos. Não existem estruturas básicas oficiais como água e saneamento regulares, mas, esses recursos são obtidos por meios, digamos assim: não oficiais. Rompendo com preconceitos, conversei com algumas pessoas, famílias que fogem do aluguel que, para elas, está acima da sua capacidade de orçamento. Existem pessoas que trabalham com registro em carteira, mas com salários

A perfeição é resultado da conciliação dos opostos. Hoje encontrei uma cena que me chamou à atenção. Não fui eu quem a percebeu inicialmente, mas, minha colega de trabalho que me mostrou esse momento mágico. Uma rua comum, mas, de um lado, uma mata preservada e de outro, casas construídas. A cena remete a um enfrentamento entre a natureza bruta e a civilização. O “dual” , os opostos se enfrentando. Se olharmos com atenção, perceberemos que no lado da mata, existem árvores que não seriam nativas, mas, plantadas por produzirem flores coloridas. Do lado da “civilização” também podemos ver que as construções são compostas com materiais advindos da natureza, como o barro, os minérios, todos, obviamente, transformados em novas configurações. Esse enfrentamento não existe, sendo apenas uma ilusão do nosso olhar. A rua é o limite entre os dois aparentes opostos e harmoniza todo o contexto. Acreditam os orientais que existem duas forças opostas na natureza: o ying

"Pessoas que se vangloriam dos seus Q.I. são perdedoras". ( Stephen Hawking) Hoje, pela manhã, tomei conhecimento da morte do físico Stephen Hawking. Sempre me impressionou o fato de termos como o maior físico da atualidade, um homem com deficiência, o que quebra muitos paradigmas e preconceitos. Condenado precocemente a uma vida limitada, foi perdendo os movimentos gradativamente, indo da imobilidade, o que o colocou numa cadeira de rodas, à incapacidade de falar: comunicava-se através de um tradutor eletrônico que se baseava em suas expressões faciais. Apesar de todas essas limitações, alcançou o status de celebridade no campo da ciência. Cientista por excelência, tinha um amor e um compromisso assumido com a verdade científica, chegando a vir a público para dizer que havia errado em suas pesquisas anteriores sobre o buraco negro, especificamente sobre o horizonte de eventos (local onde qualquer corpo celeste que venha a transpor seu limite é engolido p

“Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam;..” (JESUS) Hoje eu encontrei uma flor de esplêndida beleza. Perguntei à família sobre seu nome, mas, de forma insegura, uma mulher disse achar que se trata de “brinco de princesa”.Parecem lanternas chinesas. Destoando das construções precárias do local onde se encontrava, a planta chamava todos os olhares para si. Essa beleza natural me faz lembrar da passagem bíblica na qual Jesus alerta seus seguidores sobre a atual doença, diagnosticada tanto tempo após a sua passagem pela Terra: a “ansiedade”. Diz Jesus: Mateus 6 25 Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário? 26 Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tend