Momentos Mágicos – dia 05 de março de 2018

Man in the Box

Hoje encontrei um homem embalado. Substrato de uma sociedade excludente, jogado na rua, mas, embalado em caixa de papelão. Seria como um produto usado e sem utilidade, embalado para descarte. Infelizmente, não chegou ao seu destino, que poderia ser o lixo. Ao contrário, parou naquele local, esquecido, à mostra para os transeuntes.
Talvez tenha sido trazido pelas águas da chuva do dia anterior.

Já tive a oportunidade de conversar com moradores de rua – longe de mim querer mostrar algum conhecimento sobre essas pessoas, uma vez que conversei apenas com alguns deles.

Um deles me disse que tem família em outra cidade, distante há uma hora apenas. Para ele, viver na rua é melhor do que com a família. Não conheço a família dele e, por essa razão, não posso julgar. Mas, conhecendo algumas famílias complicadas, posso entender uma situação assim, em alguns casos.

Fica em mim uma dúvida: seria uma opção de vida ou a força do destino?

Minha experiência me leva a crer que existem as duas situações e outras mais. Porque não se pode pensar numa pessoa assim com um rótulo. Na tentativa insana de explicar uma situação, corremos o risco de cair na tentação de criar rótulos e pensar que todos são iguais.

Me atenho ao fato da pessoa embalada, só posso dizer que se trata de um ser humano com história própria e que, por essa razão, merece meu respeito.

Um momento mágico em que eu vejo o invisível, as pessoas jogadas em cantos, embaladas para um destino incerto. Vê-los pode ser o início de uma compreensão melhor da situação e, quem sabe, poder contribuir.

Outra questão que me intriga: se essa pessoa consegue ver num abrigo de uma loja abandonada seu lar, teria ele uma consciência ampliada? 

Será que consegue ver momentos mágicos?







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