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MEMÓRIAS INSANAS

  Nos idos anos de 1978, após uma noite de dança numa discoteca em São Paulo, saímos, eu e meu amigo Antonio Carlos pelas ruas iluminadas da cidade, sem rumo. Era comum andarmos assim pela cidade, a pé e sem rumo, conversando e rindo de qualquer bobagem. Me lembro que ríamos muito até chegarmos a uma esquina. Eu estava no lado de fora da calçada e Antônio Carlos do lado de dentro. Não sei de onde me surgiu um assombro, dei um grito e pulei para o meio da rua. Antonio Carlos, sem entender nada, pulou um muro baixo para dentro de uma casa. Na esquina, surgiu uma moça que, ao ver a nossa reação, retomou, correndo, pelo caminho que vinha. Até hoje não sei por que tive essa reação, assim como os outros dois protagonistas dessa história insana. Corremos assustados de algo que nunca ocorreu. Antonio Carlos não é mais vivo, a moça, nem sequer me lembro de sua aparência. E eu, sigo sem saber o que ocorreu e rindo sozinho quando me lembro desse episódio.

O SENTIDO DA VIDA NÃO SE ENCONTRA EM REGRAS DE CONDUTA

  O momento atual corrói os padrões criados pela humanidade ao longo de sua evolução e que tiveram sua importância para que chegássemos até aqui com toda a tecnologia que conquistamos. Entretanto, certos padrões causaram muitas desgraças, guerras, doenças e genocídios no passado e ainda os causam atualmente. E por conta desse paradoxo é que os padrões começam a ruir aos nossos pés. A ciência evolui e se vê distante de respostas fundamentais. Por ser a mais honesta das metodologias humanas, se curva aos fatos e revê, constantemente, seus conceitos e leis. Num mundo tecnológico onde o misticismo e as religiões não encontram lugar estável, nem mesmo a ciência, a sensação é de total desamparo. Isso faz com que alguns se prendam a um passado imaginado, como se fosse a solução para um mundo melhor, quando, nosso passado é igualmente cruel e injusto. Viemos de uma sociedade guerreira, colonizadora, escravista e genocida: não existiu um passado melhor. Se hoje podemos morrer por ra

O QUARTO DE DESPEJO ETERNO

    Relatório da ONU revela quadro de pobreza no mundo. Segundo dados, 1,3 bilhão de pessoas vivem em situação de pobreza. (Fonte : https://jornal.usp.br/radio-usp/relatorio-da-onu-revela-quadro-de-pobreza-no-mundo/ , visitado em 18/03/2024 ) A Leitura do Livro “Quarto de Despejo”, apesar de retratar uma realidade vivida pela autora nos anos 50, mostra-nos uma situação ainda presente e inquietante no cenário global. Quando entre os anos de 2000 e 2010 trabalhei em projetos sociais em favelas do estado de São Paulo, percebi um universo desconhecido por muitos, além de estigmatizado, muitas vezes injustamente. As regiões pobres são alvo de segregação social e de violência do Estado. Mas, ao contrário do que a população de classe média e alta pensam, vem delas a maior parte dos serviços e mão de obra que sustentam seus luxos. Além do trabalho de reciclagem, que traz impactos positivos e tão necessários ao meio ambiente, a população mais empobrecida está nas funções servis e de c
  SANEAMENTO E PRIVATIZAÇÕES: O GOLPE   A classe empresarial brasileira parece estar sempre buscando modelos externos para lidar com questões internas, muitos deles questionáveis e malsucedidos lá fora: o que vale é o discurso para uma população mal informada que se encanta com esses modismos. Um exemplo disso é a privatização dos serviços públicos. Por trás disso, está um desejo que abarcar os serviços públicos essenciais e obter lucros num ambiente não competitivo. Existe uma matéria interessante sobre um movimento de reestatização de serviços públicos nos países europeus e nos EUA: as razões disso é a má qualidade dos serviços prestados e os elevados valores tarifários por parte das iniciativas privadas.                  (veja no link: https://sintaemasp.org.br/noticias/reestatizacao-agua-mundo ). No saneamento, o argumento brasileiro é de que o governo não possui recursos para a investir nas obras para universalização nos prazos desejados e estabelecidos como meta naciona