Momentos Mágicos - dia 6 de janeiro de 2018

Hoje é sábado. Comecei o dia com um dilema: dia em que não tenho rotina. Se por um lado a rotina me provoca a procurar momentos mágicos escondidos aqui e ali, sair da rotina pode deixar tudo muito confuso, uma vez que tudo pode me surpreender.

Acordei pensando na hipótese de algum dia não sair de casa por nenhuma razão – seria um desafio colher momentos mágicos dentro de casa. Ao mesmo tempo, fico imaginando alcançar esse nível de sensibilidade e poder encontrar momentos mágicos em tudo o que vejo.

Mas eu saí. Deixei o carro para lavar e fui buscá-lo, perto do meio dia.
Fui a pé e, na rua onde moro consegui encontrar momentos mágicos e inspiradores.

Mais uma vez foi no mundo vegetal. Agucei a minha percepção e fui procurando oportunidades. Decidi olhar para os lados e via muitas casas, de ambos os lados da rua, todas com grades e muros. Fortalezas cercadas, algumas com cães latindo ameaçadoramente.

Senti inicialmente uma tristeza ao ver as pessoas, meus vizinhos, se escondendo assim atrás de grades e cercas, temendo possíveis invasores, fechando-se ao convívio interno, sem poder desfrutar do inesperado que somente se encontra fora, no desconhecido das ruas.
Mas logo percebi algo incrível: braços de plantas se estendem para fora das grades, debocham dos grilhões e se expõem. Apesar do confinamento imposto, rebelam-se e invadem o espaço desconhecido e temido. Mostram-se com todo o seu vigor e beleza.

Sinto em meu coração um calor, um deslumbramento. Consigo ver uma demonstração da força do amor em busca da luz, do desconhecido, superando todos os temores, enfrentando todos os perigos e explodindo sua beleza aos que passam pela rua.

Não apenas transpõem suas prisões, mas, revelam toda sua potência.
Não existe, entretanto, violência nesse movimento. Apenas superação e amor.
Seus braços parecem nos buscar na calçada para uma conversa: estou aqui, te amo e, por essa razão, te levo meu perfume e minha beleza.

Assim é o amor: não se consegue escondê-lo, não se consegue encarcerá-lo, mas a sua manifestação é pacífica, silenciosa, perfumada e bela. Transformadora, tocante.

Me sinto feliz com esse ensinamento e me empolgo em prosseguir meu caminho tentando fazer crescer o meu amor por todas as pessoas. Se eu conseguir, esse amor romperá barreiras, vencerá grades e cercas, não se curvará aos latidos ameaçadores dos cães.


Percebo, aos poucos, que o maior mestre se encontra nas manifestações silenciosas de nosso dia-a-dia.  Um conselho aos meus leitores: abram seus corações, agucem os ouvidos da alma e sintam a sabedoria latente em toda a criação, pois, é onde se encontram os melhores ensinamentos.



Não existem muros que contenham a beleza, o perfume, o amor...



Cercas e grades não contém o amor...


Comments

Popular posts from this blog

A PRAIA

GUERRA À ESTUPIDEZ

Resenha do livro: O Vôo da Gaivota, de Emmanuelle Laborit.