Momentos Mágicos – dia 26 de janeiro de 2018
Basta um barquinho pequeno pra navegar no mar
No caminho decido o rumo
Como o coração mandar ...
O que dizer sobre voltar para
casa, após um dia de muita chuva, e encontrar um barco na calçada de uma rua
movimentada em seu caminho?
Esse barco não está ali por conta
das chuvas, não: está exposto para ser vendido.
Tenho vontade de descer da
bicicleta e montar nesse barco, navegar por ali mesmo, como se isso fosse
possível, mas, afinal, a imaginação é algo que acredito ainda ser livre, já que
nosso pensamento já fora, há muito, enlaçado pelas armadilhas da cultura
globalizada.
Sair navegando no asfalto pela
rua, disputando espaço com os automóveis que, aliás, passam por ali sempre em
velocidade acima da permitida, reduzindo-a apenas diante das barreiras
eletrônicas, colocadas ali tão somente para irritar os motoristas que desejam
insanamente correr e correr, mesmo que isso não tenha nenhum sentido.
Passaria com o barco por ruas e
avenidas, aproveitando as correntes de água imaginárias, sentindo o vento no
rosto, rindo dos automóveis com seus vidros fechados, ar condicionado ligado e
celulares nas mãos dos motoristas: eles não têm mais a noção do prazer que
existe em sentir o vento e a chuva fina no rosto.
Foi um barco que trouxe os
primeiros imigrantes num rio que aportou onde hoje é parte central da cidade,
rio esse que foi espremido por avenidas e que carrega, com vergonha, os restos descartados
desrespeitosamente pela metrópole.
Mas eu tenho que voltar e minha
imaginação é subitamente sacudida por uma buzina e um motorista alterado
vomitando palavras rudes para outro que teria se interposto em seu caminho,
fazendo-o frear.
Volto para casa com esse momento
mágico que me levou a um passeio imaginário pela cidade.
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