Momentos Mágicos - dia 2 de janeiro de 2018

Segundo dia do ano e aqui relato minha experiência de hoje: meu momento mágico.



INTERSTÍCIOS URBANOS

Palavra pouco conhecida, significa o “espaço” entre duas partes. Quando dizemos “interstícios urbanos”, reportamo-nos aos espaços existentes entre os edifícios, entre as construções. O dia de hoje me ofereceu uma linda colheita de momento mágico num desses interstícios urbanos.

O caminho que faço para trabalhar, conta com uma avenida que leva ao centro da cidade. Essa avenida margeia um rio, que, conta a história, trouxe os primeiros imigrantes europeus que iniciaram a colonização da região, dando origem à cidade de Joinville, no estado de Santa Catarina.

Essa avenida segue suas margens, alternando o sentido em cada uma delas. Mais parece, entretanto, que foi o rio que fendeu essa avenida, separando-a em duas metades.De fato, em certos trechos não se percebe a existência do rio, pelo fato da vegetação elevada.
De automóvel pode-se passar muitas vezes pelo local sem que se perceba o rio. Entretanto, como vou de bicicleta, minha ida mais lenta me revela mais desse espaço, desse interstício urbano.

Foi num cruzamento que, por ser obrigado a parar, pude olhar para trás e vi o rio – um momento mágico, pois que só pode ser visto sem pressa, com o olhar sensível.

Esse rio, que já foi navegável, foi sendo espremido pela avenida de tal forma que, em certas ocasiões do ano, se rebela e transborda nas ruas centrais, mostrando que, apesar de desprezado, tem ainda uma grande força.

O nome desse rio é Mathias, e sofre a influência das marés. Quando cheio, o rio Mathias mostra ainda certas manifestações de vida, com peixes que podem ser vistos passeando distraidamente. Quando a maré baixa, o rio mostra a presença do homem, através de lixo que se acumula e boia num desfile macabro e malcheiroso.

Já presenciei família de pequeninos preás, passeando assustadas pela ciclovia e se escondendo rapidamente quando da aproximação humana, também já vi capivaras e até mesmo um jacaré, que os joinvilenses deram o nome afetuoso de “Fritz”, em associação à cultura alemã que é muito presente na região.

Enfim, um momento de reflexão por ter parado num cruzamento em meu caminho para o trabalho. Muita gente passa por esse lugar diariamente – me incluo nessa situação – e não percebe o rio, os animais, a importância histórica de sua existência, além, obviamente, de não perceberem a sua beleza, apesar dos homens.





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