Momentos Mágicos – dia 15 de janeiro de 2018
“Eis aqui, então, a
idade. Os pequenos consolos, a lâmpada e o livro. O mundo cada vez mais
controlado por pessoas que não são você; que se sairão muito bem, ou muito mal;
que não olham para você quando passam na rua”. (Pag. 171)[1]
Hoje eu terminei de ler um livro:
As Horas, de Cunningham. A frase com a qual iniciei este post refere-se às
últimas páginas e me deixou reflexivo.
Quem está chegando à terceira
idade, como é o meu caso, já sente esses sinais.
É verdade que a nossa sociedade é
excludente e que a idade é apenas mais uma das diversas formas de exclusão que
se impõe.
Vivemos e acumulamos
conhecimento, vivências, mas, ao contrário do que esperaríamos, somos cada vez
menos notados. Desejamos passar nossas experiências aos mais novos, mas, não
encontramos espaço.
Algumas pessoas mais jovens
pensam que minha geração teria sido contemporânea dos dinossauros.
Se é verdade que vivemos num
passado sem internet, é igualmente verdade dizer que estamos conectados, apesar
da idade e dos preconceitos que pairam sobre nós.
É igualmente importante lembrar
que as pessoas que criaram esse mundo notável, alguns deles ainda estão vivos:
Steve Jobs morreu recentemente, mas ainda temos um Bill Gates atuante – ambos senhores
da terceira idade.
Penso que os jovens não foram feitos
para ouvir, mas, para contestar e para reviver todas as experiências num
círculo eterno.
Como a humanidade evolui, esse
círculo é mais como uma espiral ascendente: vive-se novamente as mesmas
experiências acrescidas de um toque a mais da tecnologia.
Pela janela de casa eu vejo a
noite cair, um céu encoberto por nuvens e alguma chuva – muitos raios.
O ciclo natural inspira o
comportamento humano: a chuva passará e amanhã poderá aparecer o sol, a noite
cairá e o amanhecer retomará na sequência. Da mesma forma, amanhã será
diferente, novas histórias serão vividas e novos momentos mágicos surgirão.
Ah: o momento mágico de hoje? O anoitecer.
E todas as promessas do dia que virá. (O leitor me perdoe por não postar
uma foto: esperei o anoitecer mas desconsiderei a má qualidade de minha câmera.)
[1]
Cunningham,
Michael
As horas / Michael Cunningham: tradução Beth Vieira
- São Paulo: Companhia das Letras, 1999
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