Momentos Mágicos – dia 24 de janeiro de 2018

Passado e presente…

Hoje descobri uma casa antiga em meu caminho. Ladeada por construções novas, destoa na paisagem urbana. Uma recordação “3 D”, materializada como prova de um lugar do passado da cidade.

É quase certo que as pessoas que primeiro residiram nesse imóvel não estejam mais vivas: estariam elas ainda na casa, mesmo que em formas incorpóreas?
Os atuais moradores, seriam descendentes?

Interessante que os modelos que a moda dita tornam as construções todas iguais, ou muito semelhantes. Marcam assim um estilo de época. Mas, o que nos salta aos olhos não é o comum, mas, o incomum. É este prédio que atraiu meu olhar, exatamente por ser diferente dos padrões impostos e aceitos pela sociedade contemporânea.

A cidade, assim como nós, sofre a ação do tempo. As construções nascem, envelhecem e morrem. Algumas vivem pouco, outras vivem mais, desafiando o tempo, mas, são pressionadas pelas novas construções que a isolam, pressionam e cobram seu espaço com nova estética.

O isolamento desse imóvel o torna exótico e solitário.
O encantamento que provoca, fruto de saudosismo, romantismo baseado num passado idealizado, não é unânime. Poucas pessoas desejariam morar nessa casa, muitos desejariam o terreno para erguer nova construção de estilo contemporâneo.

Trata-se, portanto, dos momentos finais, da agonia dessa obra, do encerramento de um sonho de alguém que a ergueu e depositou nela sonhos e esperanças.

Estou diante de um prédio moribundo, que deveria ser reverenciado pela sua longevidade, respeitado pelo conhecimento técnico de uma época remota que se apresenta ainda disponível e testemunho fiel de um momento histórico da cidade.

Um momento mágico que estará disponível por pouco tempo, antes que se transforme em outra construção.

Uma placa anuncia sua venda: provavelmente será comprado pelo valor do terreno e cederá espaço a algum novo prédio, de estilo contemporâneo, pelo menos por uns cinquenta anos, retomando depois ao ciclo de renovação.

Fica então o meu registro fotográfico, em respeito aos seus últimos suspiros.






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