Momentos Mágicos – dia 16 de março de 2018
Hoje eu fui arrebatado por
múltiplos momentos mágicos.
Em região nobre da cidade, dei-me
com um portão de acesso a um condomínio de alto padrão que me fez lembrar a
porta para o Paraíso. Um grande portão fechado e
controlado eletronicamente, interrompe o caminho de pessoas que não façam parte
da elite que habita o local.
É possível ver, através do
portão, a beleza do lugar e sonhar com a possibilidade de transpor seus
limites.
Em outro extremo da cidade,
encontrei uma nova ocupação: uma comunidade ocupou um terreno público e habitam
160 famílias no local. O acesso é livre, as casas
resumem-se a barracos. Não existem estruturas básicas oficiais como água e
saneamento regulares, mas, esses recursos são obtidos por meios, digamos assim:
não oficiais.
Rompendo com preconceitos,
conversei com algumas pessoas, famílias que fogem do aluguel que, para elas, está
acima da sua capacidade de orçamento. Existem pessoas que trabalham com
registro em carteira, mas com salários que não permitem alternativa de moradia.
Esses encontros em lugares
opostos, dentro de uma mesma cidade, me levaram à reflexão sobre o abismo
social que existe no mundo, tão visível e tão antigo na história humana. O portão do Paraíso fechado e a
ocupação aberta, como único caminho para a maioria.
Ao perguntar sobre o nome que
davam à ocupação, uma moradora me respondeu: “Êxodo”.
Tremi em minhas estruturas ao
ouvi-la proferir esse nome. De fato, tem tudo a ver com a situação dessas
famílias. Buscam a liberdade de moradia pelo seu protagonismo, não podendo
esperar caminhos viáveis de habitação, uma vez que a cidade tem sido gerida
para quem tem poder de compra, deixando os que não tem à deriva.
Mergulhado em meus pensamentos
fui surpreendido por uma borboleta de cor amarela que buscava o néctar das
flores, abundantes na ocupação. Sua cor, de tão viva, sugeria um brilho
fosforescente. Tentei contato e ela, curiosamente, rendeu-se ao meu toque. Pude
registrar esse momento mágico e depois a soltei. Ela voltou a buscar as flores,
sem me evitar.
Um carinho vindo de um lugar
inesperado.
Mensagens subliminares que a
ciência não pode explicar, mas, que o coração capta e se enche de alegria.
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