Momentos Mágicos – dia 11 de agosto de 2018

Consciente coletivo ou efeito borboleta....


Eu fui um garoto tímido. Sofri bullying quando essa palavra nem tinha sido inventada.

Mas tenho muitas histórias para contar, no alto de meus quase 60 anos de idade. Tantas e tão inesperadas que, quando tento contar, às vezes desisto por pensar que ninguém vai acreditar.

Tem outra coisa também: quando a gente vai ganhando idade e acumulando histórias, as pessoas vão em movimento oposto, cada vez mais se desinteressando delas. Quantas vezes me dou conta que iniciei a contar uma história e a pessoa me cortou bem antes.

Apesar disso, tento por neste blog algumas histórias para, quem sabe, ao menos imortalizá-las - isso talvez não tenha nenhum sentido, mas me conforta.

Uma das histórias que vivi ocorreu em São Paulo, quando eu era jovem. Eu vivia sobre minha bicicleta e rodava da Vila Mariana ao Ibirapuera.

Houve um passeio ciclístico certa ocasião e eu participei. Como tudo em São Paulo é "mega", haviam tantos ciclistas que, quando chegamos ao destino, nos dispersamos em grandes grupos e o grupo que eu me incluí seguiu junto. Em certo momento, entramos na Avenida Faria Lima, onde fica o Shopping Center Iguatemi - o primeiro do país e único naquela época.

Ao passar pelo Shopping eu tive uma ideia louca - até hoje penso em como ela surgiu: gritei: "vamos entrar no shopping". Acostumado a não ser notado, me surpreendi quando todos tomaram o rumo e subimos a rampa de entrada. Passeamos pelo shopping assustando as pessoas e, ai sair, fomos recepcionados por seguranças armados de cassetetes. 

Quando atingi a rampa de saída, choquei-me com outro ciclista e a corrente da minha bike caiu. Eu tive que parar para recolocá-la e isso me salvou das cacetadas dos seguranças que aguardavam-nos na saída da rampa.

Percebi que os ciclistas apanhavam e, ao olhar para outro lado, constatei que havia outra rampa de saída, por onde escapei ileso.

Provoquei tudo e saí ileso, além de desconhecido e com uma história que muitos poderão duvidar - mas foi uma experiência que me retomou à memória no dia de hoje.

Houve um evento na comunidade Caminho Curto, local onde estamos atuando com trabalho voluntário para a solução do problema do esgoto ao céu aberto.

Estiveram presentes, além dos moradores, o dono das terras onde a comunidade se encontra, os "Engenheiros sem Fronteiras" e muitos voluntários e instituições parceiras. Tudo isso para envolver a comunidade na solução do problema que contará com parceiros de peso.

Um grande momento mágico no qual eu não participei neste dia.

O que isso tem a ver com minha história em São Paulo? Explico: um dia no ano passado eu conheci essa comunidade. Por alguma razão que não encontra fundamento, eu disse às assistentes sociais que comigo trabalham que esse seria um lugar para a gente desenvolver um grande trabalho e que seria um laboratório para replicarmos em outras comunidades no futuro.

Da mesma maneira que no passado, tanta gente foi se envolvendo e assumindo tarefas desde então que hoje eu me sinto como na história ciclística: não sei por que tudo se desencadeou, saiu do controle e está dando certo. E eu ainda acho que vou sair sem ser notado, com uma baita história para contar, que pouca gente virá a se interessar num futuro próximo.

E quer saber? Isso tudo é muito mágico e me traz uma felicidade incomensurável.



Comments

Popular posts from this blog

A PRAIA

GUERRA À ESTUPIDEZ

Resenha do livro: O Vôo da Gaivota, de Emmanuelle Laborit.