Momentos Mágicos – dia 17 de junho de 2018


A Pedra
O distraído, nela tropeçou,
O bruto a usou como projétil,
O empreendedor; usando-a construiu,
O campônio, cansado da lida, dela fez assento.
Para os meninos foi brinquedo, ,
Drumont a poetizou, Davi matou Golias..
Por fim; o artista concebeu a mais bela escultura.
Em todos os casos, a diferença não era a pedra, mas o homem.
(APON)*



Hoje presenciei uma discussão sobre a Copa do mundo e a estreia do Brasil.

Existem aqueles que se deixam levar e aqueles que entendem ser esse um modo de distração da população para com as mazelas sociopolíticas às quais vivemos.

Tudo pode depender do ponto de observação. Me lembro de 1970, o Brasil mergulhado em problemas e, naquele ano, ganhamos o tricampeonato com Pelé, Tostão, Jairzinho, Carlos Alberto, Rivelino entre outros craques do futebol nacional. Em São Paulo saímos em carreata pelas ruas, buzinando e agitando bandeiras. Era uma alegria que explodia: eu, com onze anos, não havia presenciado nada igual até então.

Talvez porque a TV estivesse ocupando mais os lares brasileiros, algo novo em comparação com os títulos anteriores conquistados, talvez por causa do crescimento da comunicação em massa, talvez pelo clima repressivo do regime militar ou talvez por tudo isso junto. 

Havia um grito engasgado na garganta que, repentinamente encontrou seu caminho. Nada foi tão intenso na minha juventude.

Hoje vejo um caos político e social se desenrolando e um povo que anseia por algo com que se alegrar. Algo que traga de volta o orgulho em ser brasileiro.

É claro que uma copa vencida não resolve nada e que no momento seguinte voltaremos à mesma situação.

Mas, como a pedra do texto que selecionei hoje, são fatos que terão o sentido que cada um vier a escolher.

Prefiro a alegria do momento, da torcida, da união do povo que anda tão descrente, do momento mágico que nos une, nos cala e nos enche de esperança.

Saborear a esperança é o que nos move.


https://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2002/copa/historia-1970.shtml


(*)Antonio Pereira Apon, “A Pedra”.

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