Momentos Mágicos - 15 de Novembro de 2018
Pode ser que nos guie uma ilusão; a consciência, porém, é que nos não guia.
Ilusões
No dia de ontem, na cidade de Campinas, interior do estado de São Paulo, foi inaugurado o Acelerador de Partículas "Cirius", um dos mais avançados do planeta.
Essa obra pode parecer, para alguns, supérflua. No entanto, permitirá avanços científicos com impactos previstos em muitas áreas do conhecimento humano, como a saúde, a agronomia e energia.
Se o Brasil mantiver o interesse na manutenção desse investimento, poderemos alcançar novos patamares no nosso desenvolvimento e riqueza, trazendo benefícios para todos e lançando uma nova esperança de um Brasil mais rico e justo. Obviamente, o uso dessa evolução precisa ser direcionado para isso, o que requer um amadurecimento da política, e principalmente dos políticos brasileiros.
O dia de ontem também trouxe outra questão em debate: a Companhia Águas de Joinville trouxe, em audiência pública, a proposta de elevar o percentual de taxa de esgoto, atualmente em 80% sobre o valor do consumo de água, para 100%.
Como sou do setor, cumpre informar que tratar esgoto é muito mais caro do que tratar água e, por lógica, poderia ser cobrado um percentual ainda maior. Em cidades como Campinas, o percentual de cobrança de coleta e tratamento de esgoto supera os 100% há anos, assim como em outras cidades brasileiras.
Quando cheguei em Joinville, no ano de 2010, a cidade estava em campanha política para prefeito e um dos candidatos tinha como plataforma o investimento em saneamento. Naquele momento, fiquei estarrecido em saber que menos de 15% do esgoto era tratado na cidade. A Companhia Águas de Joinville aumentou, desde então, esse percentual para mais de 30%.
Não são todos que sabem, mas, o saneamento básico passou a ser declarado como direito humano pela ONU e o Brasil é seu signatário. Existe uma razão para isso: a falta de saneamento é causadora de doenças que atingem perto da metade da população brasileira.
O desafio pelo investimento em saneamento é uma questão nacional. Joinville terá que investir pesado para atingir perto de 100% em trinta anos. Isso exige recursos e a empresa vive de arrecadação através da tarifa - não são impostos que sustentarão esse investimento.
Se a questão fosse tratada de outra forma, poderia causar menor impacto na opinião da população: serão cobrados 20% a mais sobre o que já se cobra de taxa de esgoto e, esse percentual sobre o total da fatura será de apenas 10%. Isso para investir em saúde pública.
Então, se você paga hoje R$100,00 de conta de água, com esgoto incluído, passaria a pagar R$110,00.
Mas, na audiência pública, muitos oportunistas ou mau informados, tornaram a questão como um palanque político e a população, também em grande parte desconhecedora da questão, tem sido induzida por essa ficção.
É curioso perceber que os automóveis sobem de preço acima da inflação - o aumento chega a 56% em apenas três anos, mas ninguém protesta. Isso apenas para usar como exemplo, pois, outros itens aumentam sem consulta e além da inflação, a maior parte sem qualquer ligação na melhoria da saúde pública.
Ilusão, levantar bandeiras contra o que é necessário e fechar os olhos pelo que se deveria lutar.
Em uma comunidade rural de Joinville, uma menina de quatro anos foi vítima de verminose, por conta do contato com esgoto ao céu aberto. Manuella quase morreu. Seu retorno à comunidade, após um longo tempo de internação, foi um grande momento mágico. Essa comunidade, por estar distante de grandes centros, será uma das contempladas, provavelmente no final do projeto da empresa de saneamento, previsto para trinta anos. O desespero em pensar que outras crianças poderão morrer nesses próximos trinta anos moveu um grupo de voluntários para a solução com doações - o projeto está pronto e a obra prevista para iniciar em janeiro próximo.
Fonte: https://alunosonline.uol.com.br/matematica/ilusao-otica.html
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