Momentos Mágicos - 07 de Novembro de 2018
Em meu caminho existe uma igreja.
No início do ano, era um prédio grande, mas, reconheço que a igreja é muito frequentada nos finais de semana e começa a dar sinais de desconforto aos fiéis católicos que não falham às missas.
Há algum tempo, entretanto, iniciou-se uma obra que a tornará maior, mais imponente e mais alta. A estrutura está pronta e já pode ser vista a distância.
Há alguns anos eu li um livro do escritor Ken Follet, chamado "Os Pilares da Terra". A história é travada na Idade Média e trata da construção de uma catedral.
Fiquei fascinado pelo livro, e não fui o único, pois que esse autor tornou-se famoso exatamente por essa publicação.
O simbolismo dessas construções extrapolam a arquitetura e recheiam-se de sonhos e idealizações.
Vista pelos fiéis como a "casa de Deus", as catedrais eram construídas com o propósito de trazer a luz do sol ao ponto central do púlpito, forjando raios que representam a decida do Espírito Santo ao altar.
A altura remete à tentativa de atrair a vista dos viajantes e de se impor como o prédio mais alto, mais próximo das alturas, onde reside o Divino.
As pinturas eram esmeradas e feitas por artistas de grande talento, muitos deles desconhecidos - o reconhecimento não era terreno, mas, do Deus em que creem.
Algumas catedrais serviram como hospitais, abrigos para refugiados. Foram também fonte de renda em algumas cidades, chamando peregrinos viajantes e movimentando o comércio local.
O tempo passou, a igreja se fragmentou em inúmeras denominações, mas, as catedrais continuam a ser construídas, aqui e ali, não mais com o mesmo poder de deslumbre.
A igreja em meu caminho está aumentando, tornando-se um prédio digno de uma catedral. Os recursos, assim como no passado, advém dos fiéis.
A fé daqueles que contribuem parece ser a mesma e outrora.
O prédio sobe, briga com a paisagem urbana e tenta se impor, mas, desta vez, em meio a muita informação visual, correndo o risco de não ser mais percebido. Entre fios elétricos, a multidão apressada não mais olha para cima, pois, nada mais acima parece ter importância.
Que pena, pois, para mim, essas construções permanecem cheias de simbolismos, criando momentos mágicos incontáveis.
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