Momentos Mágicos – dia 11 de abril de 2018
Quem sou "eu"?
Hoje encontrei meu amigo Joe.
Conversamos sobre um livro que ele está lendo, onde existe uma citação de Platão. Platão dizia que a "bondade" era a base de todas as coisas e explicava toda a criação.
Eu disse a Joe que creio que o amor seja a força motriz de todo o universo e condição para a evolução humana. Apesar dessa afirmação parecer poética, me fundamento no fato de que todos os distúrbios e infelicidades ocorrem pela falta do amor.
Entretanto, o amor em sua dimensão maior: o amor pelo bem coletivo. Disse ao Joe que uma obra somente se concretiza quando todos colaboram pela sua conclusão, esquecendo-se em alguns momentos, de si mesmos.
Joe ponderou então que, esquecer de si mesmo pode por em cheque o conceito do "eu", da individualidade.
Lembrei-me que, em alguma leitura que fiz, conheci um pensador, o qual não me recordo neste momento, que questionava a existência do "eu". Expliquei melhor: um bebê leva alguns meses sem se aperceber como um indivíduo - pensa ser um prolongamento da mãe.
Complementando o raciocínio, citei o conceito da "alteridade", onde passamos a nos conhecer através da comparação com os "outros". Assim, se as pessoas que vivem ao meu entorno são, todas elas, mais magras que eu, passo a me ver, então, como "gordo". Se as pessoas em geral forem mais altas do que eu, passo a me ver "baixo" e assim sucessivamente, vou construindo minha ideia de "eu".
Construir uma identidade a partir da alteridade pode nos levar a situações curiosas: se, por alguma razão eu for levado a outro local no planeta, composto por pessoas com características diferentes, com comportamentos exóticos quando comparados com minha cultura, perderei minhas referências atuais e terei que reconstruir meu olhar sobre o "eu".
Continuando o raciocínio, como estávamos próximos à biblioteca pública, dei exemplo ao Joe: imagine que entrem na biblioteca um juiz, um morador de rua, um estudante, somando-se aos funcionários da biblioteca e, repentinamente, um terremoto ocorre e ficam todos presos no local. Nesse caso, todos passam a ter o mesmo status. Terão que se somar aos esforços para sobrevivência e, muito provavelmente, o morador de rua poderá liderar o grupo, posto ser entre todos, aquele que está mais experiente em situações extremas.
Então, quem, de fato, sou "eu"?
Fica a reflexão: um momento mágico que costuma ocorrer quando me encontro com meu amigo Joe.
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