João Abeid Filho

A voz do silêncio. O meu momento mágico de hoje é composto de uma experiência solitária. Só em casa, realizei algumas tarefas, li três capítulos de um livro, assisti a minha série no Netflix. Mas existe um depois. Isso ocorre quando pensamos estar livres para agir como queremos. Quando crianças, momentos de traquinagens longe dos olhares dos pais. Adolescentes, fugas noturnas e outras histórias que guardamos na lembrança e contamos a pessoas selecionadas. Existe sempre um "depois". Constatamos que estamos sós e não existe muito sentido no que fazemos. Não nos basta fazer: precisamos de platéia, uma companhia ao menos. Experimentei um momento de solidão. Tentei ouvir o silêncio, mas. descobri que ele não existe. Apenas um conceito utópico, o silêncio é cheio de sons distantes, ecos em nossas mentes ou simples zumbidos no ouvido. Essa solidão temporária, que pode até mesmo ser experimentada em meio a uma multidão, nos revela a correta dimensão que temo

O cientificismo é tão absurdo e truculento quanto o fanatismo religioso. Mas enquanto um é tratado como convicção científica exagerada, o outro foi rotulado de "fundamentalismo".(ROSENBAUM p.283) A humanidade ainda acredita numa dualidade que a mim se assemelha a contos infantis. Quanto mais o tempo passa, mais creio que, limitados que somos, apenas vemos partes de um todo que se harmoniza com as partes. Os nossos valores se baseiam na comparação dos opostos e, por essa razão, somente os opostos nos justificam sentido. Hoje, ao caminhar pela manhã, encontrei uma casa onde o telhado estava tomado por uma planta, cujo nome desconheço, mas que produzem um fruto não comestível, com um miolo que é usado como "bucha" para banho. O dono da casa me convidou para entrar e mostrou, com certo orgulho, sua produção de "buchas". Possivelmente, o local onde existe essa casa, foi um dia uma área rural, onde a vegetação dominava.  Em certo momen

A lua se embaçou, não sei se apenas para meus olhos molhados ou se para registrar meu momento mágico de hoje. Deixei minha mãe no aeroporto, após um mês de convívio de férias. Não sou de falar muito, especialmente com minha mãe. Algo relativo a uma geração que foi mais pautada pelo respeito aos pais do que pela intimidade. Entretanto, os momentos de não falares foram significativos: a comunicação não se dá apenas por palavras, mas, por todos os sentidos e movimentos. A despedida foi rápida. Em casa, encontrei uma travessa com um pedaço que restou de um bolo de fubá, iguaria que aprecio e que minha mãe consegue encontrar o ponto exato de minha preferência. Esse pedaço de bolo é agora, o que ficou de concreto da passagem de minha mãe. Assim como ela, o bolo não terá longa duração e ficarão as boas lembranças. À noite, reflexivo, olhei para o céu e vi uma lua embaçada. Lagrimas em meus olhos? Presença de nuvens que interferem na visão que chega até mim?

"As pessoas não perceberam que o pensamento moderno está dando sinais de esgarçamento, e a fé tecnológica está gerando fundamentalistas da ciência." (ROSENBAUM, p.233) Hoje meu momento mágico veio com a constatação de que o conceito de "modernidade" é relativo, muitos o usam com um elevado grau de preconceito e não justifica divisões de gerações. Em primeiro lugar, vamos definir o que significa "moderno": O conceito de  moderno  aparece no meio do século XIX e constitui-se em uma reação ambígua da cultura à agressão do mundo industrial. (Wikipedia) Isso explica porque ouço essa palavra desde que nasci e ela continua sendo forte, sobretudo para separar gerações. Existem sociólogos que definem nosso momento presente como "pós-moderno". A população em geral, usa essa palavra para referir-se ao que é recente, novo. Ora, o tempo traz, constantemente, descobertas e tecnologias novas.  Apesar de muitos alardearem que vivemos

"Há duas maneiras de não sofrer: esquecer a história ou morrer." (ROSENBAUM, p.218) Estou em férias e passo os dias com minha mãe. Com ela relembramos passagens de nossa história comum, além de me conectar com as histórias dela, histórias que remontam tempos antes de minha existência. As histórias nos fazem rir e chorar. Lembramo-nos de pessoas que já não se encontram entre os vivos, e nos faz perceber a importância dos momentos que temos com as pessoas que amamos, em função do tempo limitado - e incerto - que dispomos. Apesar da dor do tempo passado, sofrer é preciso. É com o sofrimento que aprendemos a crescer, nos tornamos mais tolerantes e humanos. A insatisfação é o motor de nossa evolução cultural.  Hoje pudemos conversar mais, viajamos no tempo. Percebi que coisas que me pareciam importantes no passado, hoje parecem efêmeras e o inverso também ocorre. Constato que nossa avaliação sobre o momento é, muitas vezes, equivocada, assim como no

quando os budistas falam da  vacuidade,  eles não querem dizer “o nada”, mas sim um potencial ilimitado que algo tem de surgir, mudar ou desaparecer. http://www.budavirtual.com.br/a-vacuidade-a-realidade-alem-da-realidade/ Num dia 25 de abril, no ano de 1953, Francis Crick e James Watson anunciam a descoberta da estrutura do DNA. A partir desse momento, começamos a entender melhor de onde viemos, pelo menos do ponto de vista biológico. Somos um aglomerado de partículas - genes - que adquirem formas diversas mediante sua organização. Essa organização nos define como plantas, insetos, animais ou humanos. Uma lição científica sobre humildade. Não somos nada mais do que um arranjo interessante de genes que alcançou a consciência. Na meditação budista, busca-se o estado de consciência em que se desprende do "eu", experimentando o status do "não ser". É um exercício difícil, em função do apego que temos ao nosso ego, mas, nos traz uma conectivi

O perplexo pode estar menos munido de fé que o crente, mas há nobreza suficiente na perplexidade. A arrogância é somente possível numa raça que espera sempre o máximo e já não se espanta mais (...) - Rosembaum, p.173(*) Espantar-se, admirar-se, são emoções em muitos de nós adormecidas. Esse adormecimento revela uma morte progressiva em nossa criatividade e em nosso poder de questionar.  O questionamento está na raiz do processo evolutivo humano. O contrário nos leva a uma condição de manada, reproduzindo mais do mesmo. É comum esquivarmos de respostas com justificativa como "todos fazem assim". Fazer como todos é o mesmo que se anular.  Há algum tempo, pensava que muitos agem dessa forma por conta de um mecanismo de alienação - hoje tenho dúvidas. A alienação pressupõe que não existem opções para aqueles que estão sob seu julgo. Entretanto, existe o "conforto" em não questionar, em parar de pensar e apenas deixar-se levar pela manada. Seria a a

Registro histórico de uma produção de memória: biscoitos da mamãe... Hoje meu momento mágico teve aroma, sabor e segredos. Minha mãe, em visita, fez os seus tradicionais biscoitinhos de cerveja. A quantidade de informação que carrega essa produção é infinita, mas, posso enumerar aquelas que mais me chamam à atenção. 1 - A receita. Embora possa ser seguida, não será possível a sua reprodução por outra pessoa. Ao menos não com o mesmo sabor e textura. 2 - A preparação: sentada à mesa da cozinha, enrola a massa em meio a conversas sobre a família e a vida. 3 - O acompanhamento: sem queimar e sem ficar crua, a massa será assada no ponto certo. 4 - O aroma, que começa a tomar conta da casa, anunciando a chegada de um alimento abençoado. Esses biscoitos são parte da memória que compõe a imagem de minha mãe, assim como tantas outras mães, como, possivelmente, a do leitor também, possuem esse poder de cozinhar magnificamente e de forma inimitável. O esforço

Marcas do que se foi, sonhos que vamos ter, como cada dia nasce novo em cada amanhecer...(The Fevers) Meu momento mágico de hoje deu-se ao observar marcas deixadas na areia. Mas, não se tratam de marcas deixadas por pegadas humanas, mas, marcas deixadas pelo movimento do mar. Trata-se de um banco de areia que é coberto quando a maré enche, tornando-se aparente quando a maré abaixa, deixando visíveis os movimentos das ondas impressas na areia. O movimento das marés obedece o que parece ser uma lei universal, de oscilações entre opostos. A maré sobe e desce, o dia se alterna com a noite, o sol e a lua. Até mesmo nosso corpo funciona baseado na expiração e inspiração, numa alternância necessária para a vida. Assim, as marcas são temporárias, sendo impressas na areia na maré baixa para depois serem apagadas na maré alta. Assim é nossa vida: vivemos momentos marcantes que somente podem ser vividos uma vez, sendo depois apagados pelo tempo, para que se abram possibi

Um pálido ponto azul no universo, um planeta exuberante em sua beleza e raridade... No dia 14 de de fevereiro de 1990. a sonda Voyager 1, nave enviada pela NASA para explorar o sistema solar e, posteriormente, viajar pelo universo sem retorno, tirou uma foto do planeta Terra, a uma distância de seis bilhões de quilômetros. O resultado foi o registro de um diminuto ponto no sistema solar.  A  Voyager 1 , que tinha completado sua missão principal e estava deixando o Sistema Solar, recebeu comandos da  NASA  para virar sua câmera e tirar uma última fotografia da Terra em meio a vastidão espacial, a pedido do astrônomo e escritor  Carl Sagan Carl Sagan, num texto de grande conteúdo científico e filosófico, descreveu a imagem como "um pálido ponto azul", referindo-se ao planeta Terra. Sagan refletiu sobre a irrelevância de nosso planeta diante da grandeza do universo, suscitando a humildade que devemos cultivar em nossos corações. Olhem de novo esse ponto. É a

Luzes noturnas, mistérios desejados, a mente viaja... A noite e suas luzes, mistérios. Olhar para o céu numa noite, especialmente quando numa praia, traz muitas especulações. A maior delas vem da ciência: o céu noturno nos revela um universo que não mais existe - ao olharmos ao céu, olhamos para o passado. Não bastasse esse conceito desconcertante, luzes misteriosas aparecem e somem, deixando-nos dúvidas se são aviões ou outras coisas que desconhecemos. Lembro-me de uma noite, quando criança na cidade de São Paulo, meu pai me mostrou uma luz que viajava na noite. Disse-me tratar-se de um satélite artificial. Ainda hoje tenho dúvidas do que se tratava - como se pode ter certezas? Olhar um céu noturno é a maior experiência surreal que podemos alcançar, pois, envolve enigmas, viagem no tempo e, acima de tudo, uma extraordinária beleza. Sem dúvida um momento mágico espetacular.

Visita em casa, aguardando que eu abrisse o portão.... Num dia 19 de abril, no ano de 1882, partiu deste mundo para o além, o cientista Charles Darwin, aquele que desenvolveu a teoria da evolução, nem sempre corretamente interpretada, especialmente por alguma religiões. Curiosamente, meu momento mágico foi encontrar um visitante rastejando em direção ao portão de entrada de casa. Um caracol decidiu me visitar. Esse ser pequeno, me trouxe a curiosidade em saber algo sobre sua espécie. Descobri que, após tantas especulações sobre suas características e ameaças à saúde, acusado de proliferar doenças, acabou sendo visto como uma iguaria, compondo a mesa de gourmets por todo o mundo. Seria esse o destino de todo o ser no planeta? Evoluir até chegar à nossa panela? Parece que Darwin não previu esse destino, mas, cada vez mais ampliamos nosso apetite e avançamos sobre espécies até então protegidas. Somos o maior predador do planeta.  Fiquei imaginando onde chegaremos

... estou acordado e todos dormem...( Luís Vaz de Camões ) Essa frase surge quando atingimos um momento de elevado sentimento de amor. Estou convencido ser o amor a força motriz do universo, a única forma de evolução possível. A natureza nos convoca a viver pelo todo e não por apenas nós mesmos. Quando acometidos pelo sentimento do amor, nos apercebemos sós em meio aos nossos devaneios filosóficos. Tudo o mais parece perder sentido. Da mesma forma, nos sentimos desligados do mundo quando experimentamos uma perda. Quem já perdeu alguém, um amor, sabe bem sobre o que digo: é como se esperássemos que o universo parasse. Nos indignamos pelo fato de tudo continuar seu rumo.  Tememos o fato de que somos parte de um todo que não depende de nós, como se isso fosse um desprezo universal. Hoje experimentei um momento de estar acordado, enquanto todos dormem, Talvez eu estivesse dormindo, enquanto todos estavam acordados. O fato é a desconexão qu

Alternâncias diárias, escola sobre mudanças.... Momento mágico: após uma manhã de chuva e frio, o sol reaparece e muda toda a paisagem.  A alternância é um dos movimentos naturais, assim como o movimento. Temos dia e noite, sol e chuva, calor e frio. A alternância entre opostos nos definem, moldam nossos conceitos, fortalecem nossa espécie e nos permitem evoluir. É pelas diferenças que percebemo-nos. É com os estremos que percebemos a importância do equilíbrio. A constante - e inócua - busca por um equilíbrio utópico e antinatural. Num dia 17 de abril, no ano de 1521, Martinho Lutero é excomungado por Leão X por suas críticas ao Papa. O efeito dessa punição foi o oposto do desejado, criando uma nova era no cristianismo e abrindo caminho para novas manifestações religiosas. Se somarmos a alternância e o movimento, podemos chegar a um modelo evolutivo que equivaleria ao modelo de uma espiral ascendente. Talvez, ao experimentarmos as alternâncias e conhece

As flores no jardim... O jardim de casa esconde belas surpresas. Em meio à grama, em meio a vasos aqui e ali, encontram-se manifestações naturais de rara beleza. São flores, algumas pequenas, outras nem tanto. Algumas foram plantadas intencionalmente, outras foram trazidas por pássaros, ou insetos. Elas têm um papel importante no ecossistema, isso não se discute, mas, a beleza e o perfume parecem algo a mais que não seriam necessários. Essa questão sempre me fascinou e este foi meu momento mágico de hoje. Creio na teoria da evolução, mas, existe um ponto que não se explica: porque, além da luta pela sobrevivência, as manifestações de vida são, muitas vezes, belas? É como pensar sobre a música: qual o sentido da música em todo esse mundo, senão nos trazer emoções? Com certeza, existe uma mensagem subliminar que se exibe como uma assinatura de uma mente criadora superior e sensível e essa assinatura se expressa através da beleza exuberante, presente

“ O conhecimento torna a alma jovem e diminui a amargura da velhice. Colhe, pois, a sabedoria. Armazena suavidade para o amanhã. ”  ―  Leonardo da Vinci -  https://kdfrases.com/autor/leonardo-da-vinci Num 15 de abril do ano de 1452 nascia Leonardo di Ser Piero da Vinci, supostamente o homem mais extraordinário que viveu até hoje, depois obviamente de Jesus. Esse homem conseguiu dominar todas as ciências existentes em sua época, além de inventor e pintor de incontestável brilhantismo. Curiosamente minha mente estava conectada a ele neste dia: meu momento mágico foi perceber essa conexão. Minha mãe, presente em casa em minhas férias, lembrou-se de uma sobrinha que foi casada com um descendente da família da Vinci. Conversamos sobre a forma com que muitos tratam seus idosos, como se fossem crianças, desprovidos de capacidade intelectual. Arrogantes, muitos esquecem que os idosos carregam experiências e histórias vividas de grande significância e que estão

Chuva fina, melancolia... Olho pela janela e vejo um dia diferente dos anteriores. Acostumado com dias ensolarados e tórridos, minha alma se aquieta. Não é uma chuva propriamente dita, mas, como costumamos falar em São Paulo: apenas uma fina garoa. Temperatura menor, céu encoberto. Somos sensíveis a todos os sentidos e a iluminação de uma tarde de sábado nos torna melancólicos. Observo gotas caindo do telhado e formando pequenas poças. Ao caírem, provocam círculos concêntricos que se irradiam para as extremidades, mostrando, de maneira clara e singela, a interligação de toda a energia.  Me faz pensar na importância de tudo o que fazemos e a sua influência em todo o universo. Melancolia e conexão, meu momento mágico de hoje.

"(...) o nada não é um lugar vazio, ou um espaço em branco, ou a escuridão do vácuo no espaço profundo. O nada não existe. O nada nunca pode ter existido." * O dia de hoje me levou o momento mágico que eu desejava. Desejava um pouco de "nada", mas nada encontrei. Em meio a todo um turbilhão de momentos mágicos que começo a perceber em tudo o que vejo, não encontrei um só pequeno "nada" em meus caminhos. Uma casa vazia, uma árvore sem folhas, uma rua sem carros: nada disso pode ser tido como "nada", uma vez que o que lhes falta compõe um cenário pré-existente, que seria o local onde esperávamos encontrá-lo. O "nada" às vezes pode ser desejado, como o que ocorreu comigo hoje, quando, preso no trânsito lento e com problemas no celular, me condicionava a situações totalmente fora de meu controle.  Esse "nada" utópico nos inquieta e deixa muitas perguntas sem resposta: o que existia antes do Big Bang? nada? os

"Os judeus, estes turrões ancestrais, insistiam: e se nos bastasse viver?" (P.27)* Hoje meu momento mágico veio através da ociosidade.  A ociosidade observada no sono gostoso de minha mãe após o almoço. Reforçando esse sentimento, num dia 12 de abril de 1961, o russo Yuri  Alekseievitch Gagarin tornava-se o primeiro homem a sair do planeta e viajar pelo espaço. Foi dele a frase "a terra é azul", o que causou desconforto a muitos intelectuais russos na época da então União Soviética - afinal, poesia não parecia combinar com o mundo comunista.  Yuri viveu momentos de total solidão e de incerteza sobre seu retorno. Em sua visão do planeta azul, só no espaço, experimentou um raro momento de ociosidade: conta-se que a nave foi preparada para realizar a viagem sem nenhum comando manual - somente em caso de emergência Yuri assumiria o controle. Essa ociosidade permitiu que tivesse todo o tempo necessário para observar a beleza de nosso planeta. A ocio

Quem sou "eu"? Hoje encontrei meu amigo Joe. Conversamos sobre um livro que ele está lendo, onde existe uma citação de Platão. Platão dizia que a "bondade" era a base de todas as coisas e explicava toda a criação. Eu disse a Joe que creio que o amor seja a força motriz de todo o universo e condição para a evolução humana. Apesar dessa afirmação parecer poética, me fundamento no fato de que todos os distúrbios e infelicidades ocorrem pela falta do amor.  Entretanto, o amor em sua dimensão maior: o amor pelo bem coletivo. Disse ao Joe que uma obra somente se concretiza quando todos colaboram pela sua conclusão, esquecendo-se em alguns momentos, de si mesmos. Joe ponderou então que, esquecer de si mesmo pode por em cheque o conceito do "eu", da individualidade. Lembrei-me que, em alguma leitura que fiz, conheci um pensador, o qual não me recordo neste momento, que questionava a existência do "eu". Expliquei melhor: um bebê l

Seguimos caminhos impostos, tememos ser diferentes, o que, teoricamente nos tornaria "estranhos", para depois, um dia percebermos que o que de fato nos faz "alguém" são as nossas diferenças. Meu momento mágico do dia de hoje surgiu no quintal de casa. O jardim, composto de grama verde em abundância, compõe um cenário homogêneo. Entretanto, em meio a essa paisagem verde, uma pequena flor se destaca. Aos "conhecedores", trata-se de "mato" e pode ser facilmente retirado e lançado ao lixo. Contrariando todas as regras, essa florzinha se apresenta, enfrenta e se impõe, tornando-se a mais bela nessa paisagem. Assim caminhamos, seguindo padrões e escondendo nossas diferenças, até o dia em que, aqueles que ousam contrariar esses padrões, brilham pelas suas peculiaridades.  A florzinha que ousou impor sua natureza.

"Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida". Jesus (João 8:12) O sol começou a brilhar nesta manhã e, diante dele, até mesmo as flores perderam seu encanto. Não consegui retratar a beleza das flores no quintal, vermelhas que são, pois, como disse, o sol surgia e somente ele assumiu o papel de protagonista de meu momento mágico de hoje. Essa luz capaz de obscurecer qualquer coisa, se impõe em demonstração de seu imenso poder. Um poder semelhante ao relatado por Jesus, quando se referia à sua própria luz. As flores, vermelhas e de uma vivacidade que irradia, tornaram-se negras, sombras e coadjuvantes na foto que fiz. Que essa luz que a tudo se impõe possa iluminar nosso dia, alegrar nosso espírito e nos mostrar os caminhos do Mestre.

O vôo, lançar-se no espaço, ganhar o universo, a suprema sensação da liberdade. O céu ensolarado deste domingo impressionante, revela uma população alada, que se joga, flutua e zomba das leis físicas que nos limitam ao chão. Dirão alguns que voamos, mas, para tal, precisamos de máquinas barulhentas, poluentes, que dependem de pistas, campos de pouso. Além, é claro, de dinheiro - o voo é para alguns e somente em ocasiões especiais. Contrariando essa dependência, os pássaros levantam voo, se deixam levar pelos ventos, mergulham no mar em busca de peixes, pousam onde e quando querem. Sonho de Ícaro, representando todos os homens, voar é o melhor símbolo da liberdade. Talvez por ser uma habilidade inatingível, humanos que somos, nos incomodamos que as barreiras estabelecidas pela natureza e ousamos vencê-las.  Certo ou errado, assim evoluímos,assim nos incomodamos, assim sonhamos. Nos sonhos eu consigo voar, na vida, sou como as aves terrestres: pulo, salto, caio

Os pequenos mundos... Misturam-se momentos, em minha vida, em que pequenos mundos entram na mesma órbita. Não se colidem, mas, se observam. Se aproximam, às vezes se estranham. O resultado, porém, é que todos podem crescer com a soma das experiências que trazem. Sempre acreditei que a natureza prefere os cães vira-latas, pois, se soltos na rua, os cães se proliferam sem que se apercebam de suas raças ou portes. Nos meus pequenos mundos, isso também parece ocorrer: não existe progresso ou sucesso em seus universos isolados. O isolamento retarda a evolução, torna os pequenos mundos frágeis e passivos, fechados e inflexíveis. Infelizes, apesar da sensação de conforto. Hoje meu momento mágico me trouxe a convivência entre mundos distantes no tempo. Percebi minha mãe, em seu tablet se comunicando pelas redes sociais, enquanto minha netinha se esforçava num trabalho artesanal com conchas colhidas na praia. Mundos distantes, com histórias antigas e recentes,

O mar é o portal para o infinito... Olhar para o mar nos remete a muitas possibilidades e sonhos. Pegar um barco e sair, sem rumo, esperando encontrar terras desconhecidas, monstros marinhos, sereias e outros seres mitológicos. Enfrentar calmarias e tormentas. O olhar nos permite pensar em viagens assim, sem que saiamos do lugar. A mente é ilimitada, como o horizonte observado de uma praia. Viajar é bom, sonhar ainda melhor. Momento mágico com água, sal, areia, sol e sonhos.