Momentos Mágicos – dia 20 de fevereiro de 2018
O que é a verdade, senão uma
interpretação particular e pessoal de um evento?
No dia de ontem, as emissoras de
TV de Joinville noticiaram o “caos” em que se encontram os Condomínios
populares do Programa Minha Casa Minha Vida que abrigam famílias em
vulnerabilidade social na cidade. As notícias teceram um cenário de controle
pelos traficantes, violência e medo. Notícias assim alimentam o preconceito da
população para com as famílias que residem nesses locais.
Posso dizer, por experiência em
contatos freqüentes com esses locais, que a maior parte das famílias são reféns
dessa situação, mas, nos recebem sempre de forma cordial e nunca causaram
nenhuma situação de risco ou ameaça para com minha equipe.
Sinto como se estivéssemos em
contato com um outro lugar, que não corresponde às notícias veiculadas pela
imprensa.
Houve dia em que uma pessoa foi
comigo a um desses condomínios e mostrou-me um automóvel novo, e caro, numa das
vagas do estacionamento. Percebi que esse era o único caso, ao lado de centenas
de vagas vazias ou ocupadas por veículos velhos, alguns sem condições de uso.
Assim é a realidade: uma percepção pessoal.
Hoje eu vivi um momento mágico
num desses condomínios. Considero-o assim pelo acúmulo de coincidências
ocorridas num atendimento em campo.
Fomos a um desses condomínios por
engano: o cliente morava no condomínio ao lado. Encontramos no local a síndica,
fato raro nesse condomínio, onde temos sempre que agendar esses contatos por
conta da dificuldade em encontrá-la sem aviso prévio.
Ela me disse que acabara de
pensar em mim, pois, uma família acabara de mudar-se para um apartamento e
precisava negociar dívidas para reativar o fornecimento de água.
“O rapaz acaba de chegar e passou
pela portaria a pouco – vá até o apartamento e o encontrará em casa”, disse
ela.
Assim fizemos, eu a assistente
social que me acompanha. Encontramos uma família formada por um casal com
sérios problemas financeiros, vindos de uma cidade menor em busca de trabalho,
e uma filha menor, que não se mudara com eles por estarem sem água no
apartamento. O rapaz teve auxílio para ocupar
o apartamento pela pessoa que lhe ofereceu trabalho, que se iniciará nos
próximos dias.
Fizemos uma proposta de
negociação social dentro de suas possibilidades e terão a água religada.
Um dia antes, um colega nos doou
duas cestas básicas, que estavam no veículo nosso de atendimento. Percebemos
que aquela família estava sem alimentos e oferecemos uma das cestas básicas.
Fatos assim ocorrem eventualmente
com minha equipe em campo, situações que me fizeram escrever um e-book que pode
ser baixado gratuitamente neste endereço:
Então, uma família precisando de
alimentos e de água em seu apartamento foi visitada, por acaso, por nós,
indicados pela síndica num momento raro em que a encontramos – tanto ela como
nós, não esperávamos nos encontrar ali naquele momento.
Isso numa visita após uma
reportagem que, caso não conhecêssemos a realidade no local, poderia ter-nos
levado desistir da ida àquela região.
O próprio morador me disse que
estavam acontecendo situações inesperadas e positivas, recebendo ajuda de
diversas pessoas e atribui a “Deus” as bênçãos recebidas.
Coincidência? Acaso? Universo
conspirando com a família?
Momento mágico, com certeza.
Na foto, o rapaz recebe a cesta
básica. Por não ter pedido a sua autorização, preservo sua identidade.
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