Momentos Mágicos - 26 de Outubro de 2018
O Ogro, ou o que restou de um ser humano cuspido pela sociedade...
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Hoje visitamos uma pessoa que me assustou.
Chegamos à residência, uma casa em alvenaria de bom tamanho, com um terreno de bom tamanho, mas, totalmente tomado por vegetação e árvores. Não se trata de uma jardinagem, mas, de crescimento de mato por descuido.
Muitos cães nos receberam, alguns deles pulando o muro da casa e nos abordando na calçada: nenhum nos mordeu.
Batemos palmas e um senhor idoso veio ao nosso encontro. Com uma perna muito torta, apoiava-se numa bengala improvisada.
Não ouvia quase nada do que falávamos e se comunicava com muita dificuldade.
Esse senhor vestia apenas uma camisa comprida e creio estar apenas de cueca.
Convidou-nos para entrar. A casa muito suja, com tigelas com comida espalhadas pelo chão, para os cães. Na sala, colchões no chão rasgados e imprestáveis.
Haviam “obras caninas” espalhadas por todo o interior da casa, por todos os cômodos.
Não vi cama e nem quarto onde o senhor poderia dormir.
O estado de degradação era tamanho, que me fez refletir sobre em que momento histórico estaríamos. Creio que os homens das cavernas viviam melhor e com mais organização.
Um choque no tempo, uma situação incoerente com nosso momento tecnológico e de tanta informação.
Esse abismo social que isola idosos, que os abandona a uma vida degradante, passa despercebido por muita gente.
Saí de lá com um sentimento de inconformidade: como pode um ser humano, no ano de 2018, chegar a uma situação assim?
A assistente social que comigo estava já impulsionou a corrente do bem, comunicando nossos voluntários a ajudar o idoso.
É pouco, mas, essa corrente já havia começado quando um fiscal visitou o senhor e, vendo sua situação, nos chamou para ir ao local.
Se existem pessoas que dão as costas a esses idosos, por outro lado existem outras que se mobilizam ao seu favor.
Como vi numa divulgação dos Médicos Sem Fronteiras: “o único ser capaz de salvar um ser humano, é outro ser humano”.
A magia está na sensibilização e no amor ao desconhecido, pelo simples fato de ser “humano”.
Fonte: https://abelo.cubava.cu/2017/06/01/abandono-humano/img_2525-2/
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