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Pró-acessibilidade emociona ouvintes em seminário da ABRH em Joinville.

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Qual o limite para a alienação?

Ao observarmos o comportamento de muitos, percebemos a sintonia no que se refere às aparências físicas, de vestimenta e de hábitos que vão desde a forma de caminhar até a linguagem em uso. Aqueles que estão de fora desse comportamento padronizado, são tidos como excêntricos ou inferiores, dependendo do grau de importância que a sociedade lhes confere. A inclusão nesse grupo padrão, formatado pelos interesses econômicos de momento, exige o consumo de bens, alimentos e acesso a locais muitas vezes excludentes para a maior parte da população. Assim, existe um grupo considerável da população que se sente inferiorizada, frustrada e excluída, muitas vezes tendo acesso ao mínimo necessário para a vida, como moradia, alimentação e renda. Esse desconforto social gera tensões com efeitos sobre a segurança pública e a paz nas cidades. É fato que a mídia tem grande influência na criação desse “padrão” de vida “ideal” e fundamentado no consumismo fútil. Mas será mesmo que essas pessoas esta...

Quero um mundo mais sagrado e menos mercado...

Quero poder sair de casa e me encantar com o caminho, com os pássaros, as plantas e as pessoas. Mesmo que estejam ofuscadas por letreiros, outdoors e placas de trânsito. Quero pensar que o destino é só um ponto para onde me dirijo, mas que pode ser mudado, se aprender com o caminho. Quero um mundo onde as crianças sejam vistas com encanto, que sejam consideradas como anjos, e que, por essa razão, não sejam vistas nos sinais pedindo esmolas. Um mundo em que os idosos sejam considerados sábios, que possamos nos aconselhar com eles, ao invés de serem jogados em asilos ou nas ruas das cidades. Quero olhar no espelho e ver alguém que pode ser um entre tantos outros seres neste planeta, mas entender que, apesar disso, é único e, portanto, sagrado. Não quero mais ver pessoas tentando serem outras, querendo ter a aparência que o mercado definiu como bela, mas quero ver pessoas se admirando com pequenas coisas, como, por exemplo, uma borboleta. Um mundo mais Mandela, menos Bill Gates. ...

CIDADANIA

Uma rápida consulta na literatura, hoje facilmente disponibilizada pela internet, leva-nos ao conceito de cidadania como “o conjunto de direitos e deveres ao qual um indivíduo está sujeito em relação à sociedade em que vive”. O historiador José Murilo de Carvalho relata, entretanto, que a cidadania plena é utópica , uma vez que não existem sociedades ideais, onde o exercício pleno dos direitos políticos, civis e sociais, ou seja, uma liberdade completa, sejam atingidos ou praticados por todos os seus cidadãos. A cidadania seria, então, um ideal a ser conquistado, através da participação do cidadão nas decisões e ações da cidade. Carvalho conclui que a cidadania não combina com o individualismo e a omissão quanto aos acontecimentos sociais. A criação de leis e estatutos de proteção à mulher, aos negros, aos deficientes, idosos, crianças jovens e adolescentes traduzem ações em direção a uma cidadania ainda não atingida, e são resultado de anos de lutas e mobilizações populares. ...

A Rota dos Pássaros: quem ainda pode vê-los?

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Às vezes me pego a pensar sobre como será a cidade dentro de algumas décadas. Esse pensamento me vem quando vejo certas manifestações humanas que me deixam reflexivo. É fácil perceber que as pessoas hoje andam conversando nas ruas, mas sem qualquer companhia. A conversa se dá pelo telefone celular, muitas vezes conectado a fones de ouvido imperceptíveis, o que aumenta a sensação de que a conversa se dirige a ninguém. Mas aumenta o número de pessoas que nem falam mais, apenas correm os dedos rapidamente em seus smartphones, tablets ou coisas similares, dando a impressão de que caminham sem olhar para  frente. São pessoas que se comunicam sim, mas não com o meio presente. Estão constantemente ligados a outras pessoas que se encontram em diversos lugares diferentes na cidade ou fora dela. O que parece ser um sinal de isolamento, na realidade trata- se de uma nova maneira de sociabilização nas cidades. Como a tecnologia se autodesenvolve numa velocidade crescente e sem preced...

PRÓ-ACESSIBILIDADE VENCE PRÊMIO SER HUMANO-SC 2013 DA ABRH

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Joinville realiza projeto piloto e entrega contas individualizadas de água para moradores de condomínio vertical.

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Após quatro meses de desenvolvimento, a Companhia Águas de Joinville entregou em 18 de setembro de 2013 as primeiras contas de água individualizadas para cada família dos Condomínios Trentino 1 e Trentino 2. Ação inédita, uma vez que tratam-se de condomínios verticais, que, historicamente, sempre receberam faturas centralizadas, cabendo aos síndicos a partilha dos valores incluídos nas taxas de condomínio. No sábado, dia 21 de setembro de 2012, a Rede Globo exibiu uma matéria no programa Globo Ecologia, no qual relatou como fato notório, a experiência de um condomínio que decidiu colocar hidrômetros individualizados para que o síndico possa distribuir corretamente os valores devidos em função do consumo de cada família. Entretanto, o que se fez em Joinville foi mais do que isso: a empresa de saneamento agora passou a entregar as contas a cada família, livr...

O MUSEU DE CADA UM DE NÓS.

Moro atualmente distante de meus pais, o que torna minhas visitas raras. Nessas condições, tenho a visão da passagem do tempo, as mudanças que se tornam imperceptíveis aos que convivem diariamente, ganham forma ao ponto de manifestarem surpresas. Em especial, o que me chama atenção é a profusão de fotografias, antigas e atuais, que começaram a tomar conta dos ambientes na casa de meus pais. Não existe um cômodo esquecido: sala de estar, sala de jantar, quartos. As salas comportam retratos e pôsteres atuais, com as crianças da família que não param de chegar. Os quartos expõem fotos mais antigas, pessoas que não mais se encontram neste plano, mortos que nos olham sorridentes e nos remetem aos tempos que agora habitam nossas boas e más lembranças. Numa rápida leitura interpretativa, sou tentado a pensar numa lógica nessa distribuição, levando aos quartos, ambientes reservados, os registros de um passado que deve ser preservado e às salas a mensagem que a família se renova. ...

A FALÁCIA SOBRE "LIDERANÇA"

campo da administração, assim como em outros campos da ciência, sempre existem modismos que se iniciam com algum bom trabalho mas que passam a ser repetidos através de "consultores" por um longo tempo. Esse tipo de divulgação prolongada aos poucos se fixa como um tedioso "clichê" mas, curiosamente, continuam a alimentar consultores que, através de palestras e cursos algumas vezes criativos, outras nem tanto, garantem seu mercado aquecido. A questão da "liderança" me parece um desses casos. Existem livros, cursos e palestras sobre liderança. Uma pergunta simples me acomete, sempre que penso nesse tema: a maior parte das pessoas não terá a oportunidade de atingir cargos de liderança, por mais que se empenhem nisso - por que, então, a preocupação em formar líderes ganha tanta importância? Não seria mais prudente pensar na maioria e criar profissionais que se alinhem às metas organizacionais?  Para que exista um lider, é preciso que exista um grupo a ...

UMA RUA EM DISPUTA: RUA DO PRÍNCIPE, JOINVILLE, SANTA CATARINA – 1986 / 2004

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No ano de 1986, um calçadão foi construído na Rua do Príncipe em Joinville/SC. Artesãos se mobilizaram e, através da Associação Joinvilense de Artesãos - Ajart, reivindicaram e conseguiram da prefeitura a permissão para ocuparem o espaço revitalizado, para a realização da Feira de Artesanato. Iniciada nos anos 70, a Feira ganhava, então,  um espaço enobrecido.  Em 2004, numa ação violenta, a Feira de Artesanato foi removida do calcadão e o mesmo foi totalmente destruído para abertura ao trânsito de veículos. A Câmera de Dirigentes Lojistas - CDL, aliada ao poder público, foi a protagonista desse episódio. O fato de ter havido um calçadão em um projeto de intervenção num momento da história e depois esse mesmo calçadão ter sido removido nos traz um interesse maior. Como isso pode ocorrer? Em que discursos o poder público se apoiou para realizar as intervenções que se mostraram contraditórias em dois momentos distintos? Esse foi o tema da disserta...

Projeto Pró-Acessibilidade - um passo à frente da sustentabilidade

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                                        Com os idosos podemos aprender a ser sábios e com os deficientes a perseverar.                                         É prudente pensar que o dia de amanhã pode nos reservar um desses papéis.                                                                                                                                                         Abeid O Grupo de Circul...

Resenha do livro "Pelas Tramas de Uma Cidade Migrante"

 COELHO, Ilanil. - Joinville: Ed. Univille, 2011. Graduada em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos(UFSCar) e Doutora em História Cultural pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Professora no Curso História e no Mestrado em Patrimônio Cultural e Sociedade da Univille, Coordenadora do grupo de pesquisa Cidade, Cultura e Diferença, Ilanil Coelho aborda no livro “Pelas tramas de uma cidade migrante” a evolução da cidade de Joinville a partir dos anos de 1980, do ponto de vista das correntes migratórias que colocam então em cheque a pretensa hegemonia histórica teuto-brasileira, a qual também problematiza. Tema de sua tese de doutorado, a autora percorre as festas etnográficas e desenvolve, através de um olhar isento e científico, resultante de sua formação e de ser ela própria uma migrante, uma profunda análise sobre o multiculturalismo observado no tempo presente, s...

A ARTE DE CAMINHAR....

as pessoas costumam andar olhando para baixo, lugar onde um dia todos iremos e fim de todas as coisas deviam olhar para a frente, para fixar objetivos olhar para os lados, para perceberem a riqueza do caminho, que é onde se constroi a sabedoria sempre que possível, olhar para cima, para lembrarem de onde viemos e, às vezes, olhar para traz, para que não se percam as identidades João Abeid Filho

MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOB A ÓTICA DA SUSTENTABILIDADE

INTRODUÇÃO Tema que exige um olhar multidisciplinar, pensar em sustentabilidade significa, antes de tudo, rever paradigmas culturais que nos levem a uma nova visão de consumo: o consumo sustentável. Mas este requer uma ruptura com o pensamento consumista e globalizador atual. As soluções apontadas em alguns estudos, como veremos a seguir, trazem-nos a importância da visão local para a compreensão e solução dos problemas ambientais atuais e futuros. Um conceito que se impõe de maneira evolutiva é a associação do homem no contexto da natureza, levando os cientistas a considerar a ecologia como um tema que envolve as questões sociais e econômicas. O homem não mais teme a natureza, assim como não mais a subjuga, passando a ser visto como parte dessa natureza, buscando o equilíbrio na intervenção benéfica e não exploratória, como fórmula de garantir o futuro da espécie. A cultura então passa a ser indispensável para o desenvolvimento de uma sociedade sustentável, através de soluções...