João Abeid Filho

Ciclo encerrado, tempo de renovação. Hoje registro o último dia da série Momentos Mágicos. Meu compromisso foi cumprido: procurei trazer reflexões em cada dia deste ano. O compromisso de relatos diários me permitiu conhecer pessoas, histórias e ampliar a percepção sobre o que encontro em meus caminhos diários. Animais, plantas, insetos também foram alvo de minhas descobertas. O exercício foi bom para mim: hoje procuro prestar mais atenção aos detalhes, àquelas coisas que passam despercebidas no dia-a-dia, mas, que podem trazer revelações, beleza e sabedoria. Aos meus queridos leitores, agradeço pelo incentivo e pelos comentários postados. Meu momento mágico de hoje, último dia do ano, é de agradecimento por tudo o que vivi, pelas pessoas com as quais convivo que me trouxeram muitos ensinamentos. Dei-me conta de que tive o privilégio de conviver com pessoas incríveis em toda a minha vida. Isso não somente no que se refere ao meu ambiente familiar, mas

A arquitetura das cidades trazem a velocidade do tempo. Prédios antigos disputam espaço com novas construções, e vão perdendo espaço a cada dia. A cidade antiga quer morrer, dando espaço a uma nova arquitetura que reflete a imagem globalizada e igual. Olhar as cidades passa a ser exercício de charada. Uma foto dificilmente identifica um lugar. Nessa massificação dos estilos, o artista de rua luta para deixar sua marca, sua identidade, tornar-se imortal.

"Com pão para comer e água para beber, o homem sobrevive, mas só com isso a humanidade inteira morre. Se o homem não se emociona com a beleza, se não fecha os olhos e põe em funcionamento os mecanismos da imaginação, se não é capaz de fazer perguntas e vislumbrar os limites de sua ignorância, é homem ou mulher, mas não é pessoa. Nada o distingue de um salmão, de uma zebra ou de um boi-almiscarado." (Iturbe, p.354). Em qualquer lugar no.mundo, crianças brincam com pombos. Interagir com a natureza é algo espontâneo nas crianças. Descobrir o universo contido em cada esquina é coisas de criança: não quero deixar morrer a criança que existe em mim.

"Dita pensa, de repente, que as bússolas são muito difíceis de entender. Talvez, quando mais velha, prefira, em vez de aviadora, ser pintora. Seria um jeito de voar, mas sem depender de tantos aparatos e alavancas. Ela pintaria o mundo como se o sobrevoasse." (Iturbe, p. 261) Viajar tem sabor de liberdade. O que encontramos no inesperado nos fascina. O conhecimento aumenta quando buscamos o desconhecido. Mas, o desconhecido pode estar onde menos se espera.

"A vida, qualquer vida, dura muito pouco. Mas se conseguirmos ser felizes, ao menos por um instante, terá valido a pena." (Iturbe) Andar pelas ruas de Buenos Aires, sem entender a língua, sem conhecer ninguém, mas, comunicando-se com tudo e todos. Abordar desconhecidos, rir e se encantar com detalhes. Momentos de felicidade explícita. Iturbe, Antônio G, A bibliotecária de Auschwitz, p. 259

Observamos a cidade de Montevidéu. Nas ruas, o que se destaca também nos observa. Olhos nos espiam enquanto caminhamos. O artista invade o espaço público, que tende a ser global, forçando a cidade no caminho do "não lugar", e traz o diferencial que queremos encontrar.

É Natal... O sol começa a se por e simula a estrela guia. Nos conduz ao local do nascimento daquele que dividiu as história em duas partes: antes e depois dele. No navio, pessoas de diversas origens compartilham este momento. Até mesmo aqueles de outras religiões. Na minha cabeceira o livro "A bibliotecária de Auschwitz" me lembra que momentos assim são raros e recentes na história. A estrela nos guia a todos: ninguém é descartado.

Viagem com minha mãe. Da cabine do navio, o mar se apresenta, encanta e invade nosso imaginário. Minha mãe se perde no infinito onde o mar encontra o firmamento. Me conta mais tarde que a beleza da vista a fez chorar. Agora entendo minha raíz.

Viagem dos sonhos. Com quase 90 anos, minha mãe começa a realizar um sonho: viajar de navio. Carioca "da gema", nunca teve essa oportunidade. Viverei, com ela, uma semana de momentos mágicos especiais. Talvez eu fique sem internet, mas, não deixarei de postar cada dia, ainda que com atraso de uma semana. É especial poder participar desse sonho dela.

Família, um conceito que extrapola a razão Hoje reencontrei-me com minha mãe, minha irmã mais nova, cunhado, sobrinha. Mais tarde, encontrei com minha filha e meu netinho. Como moro distante, estava há algum tempo sem vê-los. Assuntos são trazidos, lembranças ressurgem. Se vivemos agora distantes, o passado traça nossas ligações. Um misto de impotência por não poder estar presente nos momentos difíceis se equilibra com a constatação de que a vida prossegue, as experiências fortalecem e o amor familiar não se desgasta. Ao contrário, o tempo nos torna mais tolerantes, compassivos e próximos. Minha mãe é raiz que criou nosso universo familiar, enquanto minha filha e neto são parte de mim que prossegue.

Hoje foi dia de despedidas, abraços e desejos de realizações, amor, esperança. A equipe se recolhe junto aos seus familiares. Na empresa somos um tipo de família, não há como negar. Minha esposa me dá uma grande lição. Trabalha numa empresa cuja reputação de salários atrasados, desrespeito às leis trabalhistas e outras mazelas já a fez pensar em parar de trabalhar há tempos, decisão não assumida quais conta com todo o apoio familiar. Entretanto, hoje ao comentários sobre a dura jornada que terá que assumir até a véspera do Natal, assim como no ano novo, ela me repreendeu dizendo que uma funcionária de sua coordenação lhe ressaltou a importância da gratidão em nossos corações. Senti-me pequeno diante do comentário e feliz em perceber a nobreza dos sentimentos dela e de sua equipe. Estou partindo para realizar uma viagem dos sonhos de minha mãe. Rodoviária cheia, coração leve.

Visitamos hoje a casa das bonecas. Uma cliente nossa, vive numa casa repleta de bonecas de coleção. Talvez por estar só, depois que os filhos cresceram, a casa vazia começou a ser povoada por bonecas, além de cães e gatos que são tratados como se fossem crianças. O espírito maternal dessa senhora se espalha nos contatos que faz conosco. Somos sempre recebidos como amigos. A casa dela tem dois andares. A parte de baixo abriga duas famílias de haitianos, que lhe rendem uma renda de alugueres. Ela mora na parte de cima, só. Com dificuldades de caminhar, por conta de problemas com artrose, faz parte da lista de famílias que acompanhamos. A casa é grande, mas, sofre com a deterioração e falta de manutenção. Misturam-se bonecas, animais, famílias de etnias diferentes, compondo um caleidoscópio cultural. Minhas atividades profissionais se encerram amanhã neste ano. As visitas se encerram e retornam no ano novo. Essas visitas me trouxeram muitos momentos mágic

Vento, sopro divino, às vezes se torna raro, então, é preciso embalá-lo, colocá-lo numa garrafa e entregá-lo em presente àqueles que dele se privam. O vento que sopra nas casas, refrescando o sono de muitos, não é o mesmo que se oferece aos menos favorecidos. Não menciono o vento natural, esse que não parece nos favorecer nessa época do ano, quando o calor se impõe e nos subjuga.  Refiro-me ao vento forjado, que brota de aparelhos de ar condicionado e ventiladores, equipamentos não disponíveis e nem acessíveis a muitas famílias. O suor escorria, anteontem, no rosto de uma mulher que visitamos. Com uma filha especial, sem marido e com renda limitante, as duas sofriam com o calor tórrido dentro de sua pequena casa. Retornamos ao local hoje e entregamos um ventilador novo à família.  A alegria daquela mulher e sua filha nos contagiaram e nos emocionaram. Um ventilador trouxe alegria naquela casa, mas, acima de tudo, a entrega, o apoio, o amor de nossa equipe

“Existe um traje que se molda a todos os corpos… um abraço.”(*) Hoje visitei o Sr. José.  Vítima de um acidente, Sr. José tornou-se paraplégico. Também tem as mãos deformadas e, por essa razão, não consegue usá-las. Vive com seu irmão, que o ajuda e dá o suporte afetivo e prático que tanto necessita. Levamos a ele uma cesta de Natal.  Ao nos despedir, seu irmão nos levou a uma varanda onde estão expostos quadros pintados pelo Sr. José. Como assim?  Ele pinta com a sua boca.  Fiquei impressionado com suas obras e fotografei a que achei mais impactante. Nela de vê um jovem de braços abertos para um abraço, uma interpretação do artista Romero Britto. Levo comigo esse abraço e registro aqui como meu momento mágico especial de hoje. (*) https://amenteemaravilhosa.com.br/poder-abraco/

Felicidade, para muitos, é como a frágil luz de um palito de fósforo numa noite escura. A luz é trêmula, mas ainda é luz. Àqueles que dependem dessa frágil luz, dão a ela um grande valor. Hoje visitamos diversas famílias em nosso programa de Natal Solidário, entregando cestas de Natal. As cestas estão generosas, grandes, fartas. A alegria de quem as recebe é contagiante, especialmente as crianças. Em especial, visitamos uma família pequena, formada por uma mulher e sua filha especial. Ao receber a cesta, a menina demonstrou grande alegria. O que me chamou à atenção foi o fato dela dizer, mais de uma vez, que repartiria os doces com seus amigos. O calor dentro das residências que visitamos era tal, que as pessoas nos receberam com rostos suados. Algumas crianças visitadas apresentavam brotoejas por conta do calor, um era um bebê. As casas dessas famílias não são projetadas para seres humanos: o projeto sai dos parcos recursos que dispõem e do desconhecimento

Percorrer um caminho sem fim, é o melhor caminho Wagner Meus caminhos oferecem momentos mágicos, mas, não só eles, os destinos também. Uma rua que sobe, oferece resistência e exige fôlego: o destino? o paraíso. Sol e mar, um dia lindo, uma manifestação magistral da natureza. Sou fascinado pelo mar, talvez pela sua dimensão de infinitude: observamos da praia, sem conseguir definir onde ele termina. Um convite ao desconhecido. Vontade de pegar uma embarcação e desbravar esse mistério. Hoje podemos saber, numa busca rápida ao Google Earth, onde esse mar irá nos levar. Imagino no tempo dos descobrimentos, quando, sem qualquer garantia de retorno, as embarcações se lançavam ao mar. Uma rua, um destino que demonstra a irrealidade da chegada: nunca chegamos, sempre nos deparamos com outro desafio. Assim, evoluímos continuamente.

Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar. Nietzsche   Os pássaros têm me trazido momentos mágicos com muita frequência. Ouço seus cantos pelas manhãs e no final do dia. Não que não cantem durante o dia, mas, os barulhos da cidade superam seus cantos nesses momentos. O sol aquece o ar, que se eleva, trazendo um vento refrescante e elevando as aves ao alto. Muitas delas nem precisam bater suas asas: aproveitam as correntes ascendentes de ar e apenas estendem-nas, ganhando altura. Fico estasiado ao pensar como poderia ser um vôo assim, sem ajuda de motores, apenas estendendo os braços. Já tive muitos sonhos nos quais eu me lanço no ar num vôo suave.  O vôo me parece a mais sublime definição da liberdade. Também nos propicia uma visão ampliada, aumenta nosso conhecimento sobre onde estamos e nos mostra como somos pequenos quando observados de cima, tais como formigas. Traz-nos a dimensão de nossa estatura e desperta nos

O  Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados , com a sigla  ACNUR  em português e  UNHCR  em inglês, é um órgão das  Nações Unidas . Criado pela Resolução n.º 428 da Assembleia das Nações Unidas, em 14 de dezembro de 1950, tem como missão dar apoio e proteção a  refugiados  de todo o mundo.(Wikipedia) É curioso observar a diversidade na natureza, como a grande variedade de pássaros que habitam a cidade onde moro. Somos seres humanos, cuja espécie apresenta também a sua diversidade. Entretanto, criamos regras e critérios que nos separam em classes e subclasses. Após a segunda guerra mundial, as grandes nações se uniram na tentativa de lutarem juntas por uma ordem global voltada para um mundo mais justo. A ACNUR foi criada para proteger refugiados.  Entretanto, assistimos diariamente a crise humanitária que enfrentam muitos refugiados. Esses refugiados vêm de regiões em guerra, alguns fogem da fome, de perseguições religiosas. Existem aqueles que fogem de

Ser voluntário não é um ato de caridade, mas, de cidadania. Adriana Santos Hoje foi um dia especial, entregamos cestas de Natal para muitas famílias. Soube que todas as famílias que selecionamos foram contempladas e que, se tivéssemos selecionado mais, teríamos também conseguido recursos. Só não o fizemos por problema de logística: temos tempo e equipe limitada para essa missão de entrega. Também hoje houve encerramento do grupo de voluntários, quando foram mostrados os trabalhos realizados neste ano e as propostas para 2019. Para nossa surpresa, o número de voluntários aumentou e ganhamos novos colegas. Uma estagiária, que termina seu estágio na empresa na próxima semana, se candidatou ao grupo, mesmo estando fora da empresa a partir de então. Esse movimento de pessoas levando seu tempo e presentes a pessoas que mal conhecem, é interessante como reflexão. Não se trata de caridade, mas, de cidadania, como mencionou nossa coordenadora a Adriana Santos no dia de hoje. C

A fluidez do conhecimento. Hoje, um dia após a dramática execução na igreja de Campinas por parte de uma pessoa cujas motivações ainda deixam dúvidas e perplexidade, recebo o rescaldo das notícias trazidas por pessoas e familiares meus que moram naquela cidade. Cidade, aliás, que vivi a maior parte da minha vida. Existem especulações, fotos, muitas opiniões flutuando nas redes sociais. A televisão manterá esse assunto por um tempo, intercalando comerciais de Natal, até que outro fato ocorra e enterre essa história. Esse episódio nos mostra o quanto desconhecemos sobre os outros. Por conseguinte, o quanto desconhecemos de nós mesmos. Afinal, quem somos nós? Se eu tentar dizer quem sou, terei que levar em conta que me refiro a mim no momento presente. Isso porque, a partir do momento em que nascemos, partimos para uma jornada física, psíquica e cultural, que nos transforma com o tempo e nos conduz até a morte. Dessa maneira, somos seres em constante mutação e podemos

Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido. Fernando Pessoa Vento Hoje o vento me trouxe doces mensagens. Carregou folhas, refrescou meu caminho. Muitos colegas começam a trazer cestas de Natal e já iniciamos a distribuição. O vento começou a levar um pouco de alegria para famílias pobres na cidade. Vou com esse vento, como um surfista, pego essa crista, tenho a doce missão de levar a muitas famílias o amor de muitos colegas, que se dispõem a investir em pessoas que nem conhecem. O espírito natalino se aquece e por algumas semanas iluminará a noite de muitos esquecidos pela sociedade, para depois se dissipar, como fogos de artifício. Ainda que esse vento seja passageiro, que venha e que possamos aproveitar. Afinal, mesmo o dia mais ensolarado, alcança a noite, deixando o brilho do astro rei espalhado em pequenos pontos de luz que chamamos de estrelas, repositórios de nossos sonhos mais profundos. Fonte: https://

Quero amigos, não admiradores. Pessoas que me respeitem pelo caráter e pelo que faço, não pelo sorriso encantador. O círculo ao meu redor seria bem menor, mas não importa, desde que fosse composto por gente sincera Anne Frank Hoje a Declaração de Direitos Humanos completa 70 anos. A história por traz desse documento é de grande importância para a compreensão do por que as nações se uniram para elaborarem tal documento. A barbárie praticada pelos nazistas foi o estopim dessa iniciativa. Entretanto, os direitos humanos continuam sendo violados a todo momento. Algumas pessoas possuem uma percepção equivocada sobre os direitos humanos, por conta de situações questionáveis, até mesmo do ponto de vista de divulgações sensacionalistas. Entretanto, enquanto houver pessoas passando fome, idosos abandonados, pessoas sendo perseguidas por serem mulheres ou por serem negras ou ainda pela sua opção sexual ou por sua opinião divergente, os direitos humanos estarão sendo violado

Sonhos Hoje as crianças da comunidade Caminho Curto estão no Adventure Park, um presente de um casal pra lá de especial que concedeu esse presente para as crianças. Papai noel trará presentes, outro voluntário que se dispôs a estar neste dia a disposição de um sonho. Os sonhos são assim, podem ser construídos. Quem diz que crianças sem recursos não podem ter festas? Tudo pode se materializar, desde que tenha antes sido o sonho de um, de alguns, ou de muitos. Lembrei-me de uma comunidade em Campinas, há alguns anos atrás, quando decidimos fazer uma festa de Natal, mas, foi-nos negada a verba antes prometida. Fiquei chateado, mas, o líder comunitário, sorrindo, me ensinou que era possível. Foram visitar a padaria, os pequenos comerciantes do entorno e pessoas que se dispuseram a contribuir. A festa foi completa, com pipoca, cachorro quente, refrigerante, presentes para as crianças e até papai noel.   Hoje acredito que o potencial humano seja ilimitado e que

”A ciência não é só compatível com a espiritualidade; é uma profunda fonte de espiritualidade. Quando reconhecemos nosso lugar na imensidão de anos-luz e no transcorrer das eras, quando compreendemos a complexidade, a beleza e a sutileza da vida, então o sentimento sublime, misto de júbilo e humildade, é certamente espiritual. (…) A noção de que a espiritualidade e a ciência são de alguma maneira mutuamente exclusivas presta um desserviço a ambas.” Carl Sagan,  — No livro O Mundo Assombrado Pelos Demônios, de 1995. O dia trouxe-nos o sol de volta, após uma sexta-feira fria. Ciclos que se alternam, criando as condições necessárias para a vida. As pessoas saem de casa, procuram a luz. Essa mesma luz, que nos traz vida, tem simbologias diversas na mente das pessoas. A luz tem grande importância no mundo espiritual - Jesus disse: "Eu sou a luz do mundo" ( João, 8, 12). Essa luz, simbolizando a verdade, pois, na ausência de luz, não conseguimos ver e ficamos sujeitos

meu escritório é na praia... É cedo e a praia está vazia, ou quase, pois, eu estou caminhando e encontro dois garis, limpando as areias e conversando animadamente. Um deles eu já tive o prazer de conhecer. Mudou-se para a praia após ter sido assaltado em outra cidade, perdendo a confiança nas grandes cidades. Aqui ele se encontrou. O trabalho pode não ser a ambição de muitos, mas, além de digno, contribui para a limpeza das praias, e lhe traz o prazer de caminhar pelas areias com um cenário de fundo de perder o fôlego. Esse gari me lembra do livro que li sobre Sidarta, um homem que nasceu com a capacidade de conseguir o que desejasse, por ter uma inteligência enorme. Sidarta nasceu e foi tido como uma encarnação do Buda. Por essa razão, foi criado em mosteiro e mostrou-se cheio de sabedoria. Entretanto, não se sentia feliz. Um dia partiu, pediu a um barqueiro que o levasse ao outro lado do rio, onde encontrou uma cidade grande. Lá prosperou, tornou-se rico e d

A respiração é a forma que tem o homem de se conectar com o universo. Respiração é vida e bem se diz assim quando se fala do hálito vital. É também a maneira com a qual o universo se comunica conosco, da qual colhemos a energia necessária para a existência.(*) Hoje foi dia de respirar.  Depois de dias de muito trabalho, que incluíram o final de semana, e de momentos de tensão e de tristeza, obtive dois dias para compensar, por horas trabalhadas a mais e em banco de horas na empresa. Tomei conhecimento hoje de uma situação muito comum entre os mais jovens, que muitas vezes acaba em frustração. Quando decidimos enfrentar uma situação, podemos cair no erro de esperar por soluções mais rápidas do que podemos suportar. São casos de pessoas que se levantam com toda a sua energia e, na primeira barreira que encontram, se desgastam e acabam por abandonar seu empreendimento, culpando outras pessoas, instituições, o governo etc. Essas situações mostram que somos seres biológi

Entre extremos sempre existe um ponto de convergência, o caminho do meio, onde encontramos a razão de tudo. Hoje meu dia foi como uma montanha russa. Tive momentos de extrema tristeza e outros de grande alegria. Um bebê, irmão de uma aprendiz que trabalha conosco, nasceu e viveu poucas horas para depois deixar este mundo. A notícia caiu como um tijolo em mim. Fui ao velório e tive a ingrata oportunidade de vê-lo inerte sob a observação de um público perplexo. A aprendiz, Miriam, perguntou porque eu estava chorando, pois, segundo ela, sou sempre muito sorridente no trabalho. Eu respondi a ela que aquele era um momento para chorar e que ela não segurasse seu choro, que pusesse sua tristeza para fora. Saímos de lá desolados. Entretanto, tínhamos agenda com a comunidade Caminho Curto. Um momento mágico especial: os Engenheiros sem Fronteiras apresentaram o projeto pronto para a nova rede de esgoto na comunidade. A ONG Gerar esteve conosco, com alunos e orientadores

Cidades são oceanos de luzes!!! Luiz Eduardo Filizzola D'Urso Hoje a cidade está iluminada e eu passei pelo centro há pouco. A decoração de Natal povoa shoppings e ruas. Existem pessoas andando pelas calçadas em direção aos locais onde corais se apresentarão. Estou exausto, pois, tenho tido dias difíceis. Me contento em ver as pessoas passeando à noite, levando crianças e idosos para assistir manifestações culturais. Creio que a humanidade precisa de rituais, de simbolismos. São manifestações pacíficas que unem, aproximam, divertem e alimentam a fé. A cidade se prepara para o nascimento de Jesus, um ritual que se repete anualmente.  Os olhos das crianças brilham como as luzes noturnas, enquanto os adultos sonham com uma renovação, uma passagem, um futuro melhor. Sonhos, ilusões, não são menos importantes para a sociedade. Afinal, em todos os povos existem manifestações artísticas e rituais. São essas manifestações que nos fazem crer que pod

O vácuo clássico não é vazio. Mesmo sem matéria nem radiação térmica, o espaço ainda contém campos, partículas transitórias e ... energia (*) O vazio... Encontrar a cidade vazia não é algo comum. Calçada vazia, nenhum automóvel na rua. A cidade ainda não acordou, somente eu me atrevo a quebrar esse cenário. Mas não existe o vazio. A cidade se prepara para a chegada das pessoas. Nessas ruas, ora vazias, muitas lembranças povoam, como fantasmas que, apesar de não serem vistos, preparam-se para sussurrar suas histórias nos primeiros ouvidos que por aqui passarem. Assim como no espaço cósmico, a rua traz sua energia. O nome original da rua onde encontrei vazia é " Mittelweg" que, traduzido do alemão, seria "Caminho do Meio". O nome faz sentido, pois, ela se encontra em região central da cidade. Hoje seu nome é Quinze de Novembro.  O Caminho do Meio parece vazio, mas, existe energia, basta olhar com atenção. Essa energia se traduz em c

Os mais velhos se desgastam, inutilmente, procurando uma felicidade que nunca encontram. Por outro lado, nas crianças, a felicidade brota na palma da mão." (ITURBE) Essa felicidade infantil, que, como diz o escritor citado, "brota na palma da mão", parece-nos misteriosa. Entretanto, fomos crianças um dia e experimentamos essa felicidade espontânea.  É tão bom conversar com um amigo, brincar de pega-pega, de se esconder. Não existe nenhum sentido aparente nesse tipo de comportamento e muito menos explicações plausíveis. Isso talvez explique essa felicidade.  Sem obrigações, preocupações sobre o que pensam os outros, sem o compromisso de alcançar qualquer tipo de resultado, corremos livres e buscamos companhia para nossas brincadeiras. Em essência que somos, compartilhamos nossas origens. Não pensamos e nem buscamos sentido para a vida, apenas vivemos. Fonte: http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,,EMI9746-15159,00-BRINCADEIRA+DE+CRI

Respeito e compromisso com os resultados, quando andam juntos, trazem grandes conquistas. Hoje encerramos nossas visitas aos condomínios populares neste ano. Deixamos o maior para hoje: Trentino 1. Foi uma manhã cansativa, mas, os resultados foram muito bons. A empresa que distribui energia na cidade de Joinville, a CELESC, realizou há cerca de um mês uma ação de cobrança com a participação da polícia. Houve prisões. Entretanto, muitas pessoas não conseguiram regularizar sua situação, por razão de dívidas elevadas e pouca flexibilidade por parte daquela empresa na negociação. Na semana que passou, estivemos nesse condomínio divulgando nossa ação para o dia de hoje e percebemos que haviam muitos apartamentos sem os medidores de energia nos quadros dispostos nas entradas dos blocos. Isso me leva a crer que a ação ostensiva da CELESC não trouxe os resultados esperados.  Em contrapartida, fomos recebidos por muitas famílias buscando - e realizando - negociaç