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Showing posts from 2016

DESTINO E FATALIDADE

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Em certa ocasião, assisti a um filme “trash”, ou seja, um filme mal feito e de pouca expressão, do gênero terror, mas, de tão ruim, não me lembro de nem do nome e nem o enredo. Entretanto, em certo momento, Boris Karloff, ator britânico famoso por suas atuações em filmes desse gênero, aparece e conta uma história que, de tão interessante, ficou na minha memória até os dias presentes e fez com que meu tempo não tivesse sido de todo perdido diante da TV naquele dia. A história era sobre a fatalidade do destino e era mais ou menos assim... Vivia no Irã, na cidade de Isfahan, um rico mercador que tinha muitos criados. Entre eles, havia um em especial, que lhe era mais próximo. Certo dia, ao voltar do mercado, esse criado chegou ao mercador, muito pálido e assustado. Prostrando-se diante do mercador, perguntou: - meu senhor, tenho sido seu servo fiel. Em toda a minha vida, alguma vez traí à sua confiança? Em algum momento deixei de atendê-lo ou faltei em algum serviço a mim

HISTÓRIAS URBANAS - episódio 4

Existem histórias que não podem cair no esquecimento, pela força do impacto que causam em nossas vidas. Em algum momento nos anos 90, surgiu na cidade de Campinas, São Paulo, um novo tipo de empreendimento: uma locadora de livros. Sandra Almeida decidiu aproveitar um processo de demissão voluntária na IBM e tornar-se empresária, optando pelo negócio inovador. De tão inovador, foi objeto de reportagem na TV Campinas e, morando eu naquela cidade àquela época, tomei conhecimento, tornando-me sócio. Além de sócio, tornei-me amigo de Sandra, uma pessoa muito sensível e carismática, que tornou a Locadora “Mania de Ler” um lugar de leitura, encontros e bate-papo. Por causa do sucesso do livro “A insustentável leveza do ser”, passei a ler Milan Kundera, seu autor. Me impressiona a sua capacidade de construir personagens interessantes, aprofundando em suas personalidades e ideologias, tornando a trama não tão importante como o desempenho de seus atores. A última vez que converse

A MUDANÇA QUE DESEJAMOS

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"Tu não podes viajar pelo Caminho antes que te tornes esse próprio Caminho."(*) A mudança que desejamos, segundo a autora, identificada no final desse texto, deve começar, portanto, de dentro de cada um de nós,  Pode parecer "clichê", e é mesmo: afinal, os "clichês" têm todos eles uma origem e muitos deles nobres origens, A frase tem data desconhecida, pois, a autora traz na sua publicação o resgate a textos antigos do oriente. A mensagem foi passada em diversos momentos históricos e na cultura religiosa, com palavras às vezes diferentes, Ao sábio, não interessa a chegada, o reconhecimento, mas, o sentido em que se caminha e a atenção que se dá a cada movimento. Hoje é comum dizer-se da necessidade do "foco" no que se faz, o que sempre se encontra nos textos orientais antigos com palavras como "concentração", "meditação" e outras. Mas que Caminho seria esse que menciona a autora? O caminho da justiça, do amor

A CORAGEM QUE NOS ESCAPA

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Em mar tão aberto, é quase certeza que encontraremos perigos. Então, quando somos ameaçados pela tormenta da dor e do sofrimento, quando não somos mais que uma frágil embarcação agitada por forças superiores, existem pelo menos duas coisas diferentes a fazer: ou usar velas ainda mais potentes, lançar um rugido de gozo e arriscar heroicamente a vida, ou aplicar a sabedoria de uma longa existência, baixar as velas e  viver com energia reduzida, deixando-nos levar pelas correntes e  pelos ventos, sem lutar contra, até que nossas forças estejam  novamente disponíveis e as circunstâncias nos sejam mais favoráveis. O que de modo algum é próprio de quem tem coragem é a triste rebelião por meio do lamento e do ressentimento. A POTÊNCIA segundo Nietzsche. Larrauri/Max -2000. Filosofia para      Leigos. Ciranda Cultural Editora e Distribuidora ltda. Edição 2011. Para Nietzsche, a essência da coragem estaria em assumir uma das duas decisões: enfrentar ou recuar. A falta de coragem

SOPA FILOSÓFICA: INCLUSÃO OU IMORTALIDADE ?

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Ao conhecer um pouco da história de alguns filósofos do passado, começo a pensar que existem caminhos que o ser humano pode seguir, mediante um cenário em que está inserido, mas, em grande parte do tempo, por opções tomadas quando diante das situações vividas. O cenário difere nos detalhes, nas condições, mas, existem situações que parecem apresentar-se a todos os homens, senão à maior parte da humanidade. As escolhas parecem oscilar por alguns conceitos básicos: o desejo de reconhecimento e afeto, ou, o desejo pelo conhecimento em si, pela expectativa de sentir-se útil, de contribuir por um mundo melhor e dar, assim, um sentido à vida. Parece-me que a grande maioria das pessoas, buscam o reconhecimento e afeto. Essa busca se daria no plano das manifestações, comportamentos, de maneira que, para essas pessoas, importa ser considerado coerente com as expectativas do grupo de interesse, no qual busca identidade e reconhecimento e afeto. Assim, em nossa sociedade de consum

Protagonistas vivos da história de Joinville correm o risco de despejo de uma área "pública".

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No ano de 1986, um calçadão foi construído na Rua do Príncipe em Joinville/SC. Artesãos se mobilizaram e, através da Associação Joinvilense de Artesãos - Ajart, reivindicaram e conseguiram da prefeitura a permissão para ocuparem o espaço revitalizado, para a realização da Feira de Artesanato. Iniciada nos anos 70, a Feira ganhava, então,  um espaço enobrecido. Em 2004, numa ação violenta, a Feira de Artesanato foi removida do calçadão e o mesmo foi totalmente destruído para abertura ao trânsito de veículos.   O episódio da destruição do calçadão em 2004 revela uma desproporcionalidade de forças entre os gestores públicos, que agiram com força policial fortemente armada contra artesãos desarmados e atônitos.   O governo gestor, que tenta disciplinar, definir lugares e controlar seus usos, atropelando o destino de trabalhadores honestos que escolheram no artesanato sua fonte de renda. Os artesãos for am forçados a mudar da Rua do Prínci pe para a Praça onde se encontra a b

CAMINHO CURTO: A ILHA DE DESILUSÃO EM MEIO AO PARAÍSO....

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21 de março de 2016. Joinville, Santa Catarina, subdistrito de Pirabeiraba.  A estrada que nos leva, eu, a assistente social e o fiscal de campo, passa em meio a uma região rural, uma paisagem europeia. A estrada é boa, asfaltada, muito embora não existam outros veículos, senão o nosso, a percorrer o caminho. A questão imediata e inevitável que nos vem à mente: qual seria a razão de tal investimento para tão pouco uso, quando existem locais de grande fluxo de veículos na cidade em que as ruas ainda são de paralelepípedo e, deteriorados pela falta de manutenção, tornam o caminho perigoso e cheio de buracos, ondulações e outras armadilhas. Talvez a razão para o investimento aqui seja a existência de propriedades rurais de alto valor econômico, ainda que distantes entre si, mediadas por interstícios amplos e repletos de vida natural em toda a sua exuberância, um recato de mundo que povoa a imaginação paradisíaca dos sonhadores. Entretanto, nossa missão é de atendim

O PODER DE MUDANÇA PODE ESTAR NO SEU BOLSO?

"A evolução de uma sociedade, inclusive a evolução de seu sistema econômico, está intimamente ligada a mudanças no sistema de valores que serve de base a todas as suas manifestações. Os valores que inspiram a vida de uma sociedade determinarão sua visão de mundo, assim como as instituições religiosas, os empreendimentos científicos e a tecnologia, além das ações políticas e econômicas que a caracterizam. Uma vez expresso e codificado o conjunto de valores e metas, ele constituirá a estrutura das percepções, intuições e opções da sociedade para que haja inovação e adaptação social. À medida que o sistema de valores culturais muda - frequentemente em resposta a desafios ambientais - , surgem novos padrões de evolução cultural." (CAPRA, 1982, p. 182) A partir de certo momento em minha vida, passei a ser um questionador, um "desajustado", contra dogmas assumidos irrefletidamente e repetidos como "clichês" sem sentido. Questões tidas como verdades inc