A MUDANÇA QUE DESEJAMOS



"Tu não podes viajar pelo Caminho antes que te tornes esse próprio Caminho."(*)

A mudança que desejamos, segundo a autora, identificada no final desse texto, deve começar, portanto, de dentro de cada um de nós,  Pode parecer "clichê", e é mesmo: afinal, os "clichês" têm todos eles uma origem e muitos deles nobres origens, A frase tem data desconhecida, pois, a autora traz na sua publicação o resgate a textos antigos do oriente. A mensagem foi passada em diversos momentos históricos e na cultura religiosa, com palavras às vezes diferentes,
Ao sábio, não interessa a chegada, o reconhecimento, mas, o sentido em que se caminha e a atenção que se dá a cada movimento.
Hoje é comum dizer-se da necessidade do "foco" no que se faz, o que sempre se encontra nos textos orientais antigos com palavras como "concentração", "meditação" e outras.
Mas que Caminho seria esse que menciona a autora? O caminho da justiça, do amor, o "reto caminho", da compaixão e da fraternidade, O caminho dos valores atemporais, aqueles que encontram lugar em todos os tempos, em todas as religiões, em todos os povos, Por isso o Caminho escrito com "C" maiúsculo.
Ser você o próprio Caminho significa assimilar em seu Eu esses valores, condição imprescindível para que possa, de fato, entender-se na direção correta. 


"Deixa que tua Alma se abra ao som de todo grito de dor, do mesmo modo como a flor de lótus se abre para beber o sol da manhã."(*)

O olhar sensível daquele que se torna o Caminho não consegue ignorar a dor de seus semelhantes e sua alma "se abre". Não importa a condição, não importa a quem, assim como Jesus nos mostra na parábola do bom samaritano, ouvir, sentir a dor de quem se encontra no Caminho. Abrir-se a alma para acolher todos os que carecem de ajuda, de amor, de atenção.

"Não deixe que o Sol feroz enxugue nenhuma lágrima de dor antes que a tenhas tu enxugado dos olhos sofredores."(*)

As lágrimas enxugadas pelo Sol feroz são as dores que não alcançam sua atenção, seu olhar sensível, e acabam por secar na face dos sofredores, criando graves cicatrizes, visíveis em seus rostos, mas, que arderão em ti, acusadas pelo mais forte juiz; sua consciência.

"Deixa, porém, que cada lágrima humana abrasadora caia em teu coração e aí permaneça, até que a dor que a produziu seja removida." (*)

Se sua alma se abre, seu coração acolhe. Acolhida a dor, que permaneça a influenciar-te em teu Caminho, para que não haja novos passos, enquanto não seja atendido o grito de quem a pronuncia. 

Seja seu caminho o real Caminho, que seus sentidos sejam sensíveis, que toda a lágrima, todo o grito de dor lhe sejam caros, joias encontradas nesse Caminho, pois, o ponto de chegada não importa mais do que o movimento em sua direção. 

É essa a mudança desejada, aquela que se forma em sua alma, que independe do que ocorre fora dela, pois, o que está fora, o externo, é incontrolável, independente, mas o que ocorre na alma é decisão tua. Estar no Caminho, ser o Caminho, representa alcançar a verdadeira felicidade, a mudança que desejamos.

(*)Helena Petrovna Bravatsky - A VOZ DO SILÊNCIO - Editora Martin Claret, 2004. 
Helena P Bravatsky, russa, nasceu em 1831 e morreu em 1891, percorreu mais de 15 países reunindo conhecimentos, pensamentos, muito do que poderia ter-se perdido e os publicou em livros que chegaram até os dias presentes. 


Comments

Popular posts from this blog

GUERRA À ESTUPIDEZ

A PRAIA

Resenha do livro: O Vôo da Gaivota, de Emmanuelle Laborit.