MARKETING SOCIAL: EXISTE?
“....A
expressão Marketing
Social surgiu nos EUA, em 1971, e foi usada pela primeira vez
por Kotler e Zaltman que, na época, estudavam aplicações do marketing que
contribuíssem para a busca e o encaminhamento de soluções para diversas
questões sociais. O termo passou a significar uma tecnologia de administração
da mudança social, associada ao projeto, à implantação e o controle de
programas voltados para o aumento da disposição de aceitação de uma idéia ou
prática social em um ou mais grupos adotantes escolhidos como alvos...” “..
Atualmente podemos definir Marketing Social como: o emprego do planejamento de
mercado, estratégia, análise e técnicas gerenciais tradicionais e inovadoras
para o bem estar do indivíduo e da sociedade.” (Manica)
O
texto acima coloca o Marketing Social como uma vertente do Marketing, uma
variante de olhar para parte da sociedade. Entretanto, o mesmo Kotler coloca no
ano de 2006, o conceito do Marketing como
“identificação e a satisfação das
necessidades humanas e sociais”, enquanto que, em 2007, Casas define o
Marketing com ênfase no impacto sobre o bem estar da sociedade.
Segundo Kotler e
Keller (2006) o marketing envolve a identificação e a satisfação das
necessidades humanas e sociais, sendo definido de uma maneira simplista pelo
autor, como uma forma de suprir necessidades lucrativamente. Neste sentido,
Casas (2007, p.15) menciona que:
“Marketing é a área
do conhecimento que engloba todas as atividades concernentes às relações de
troca, orientadas para a satisfação dos desejos e necessidades dos
consumidores, visando alcançar determinados objetivos da organização ou
indivíduo e considerando sempre o meio ambiente de atuação e o impacto que
estas relações causam no bem-estar da sociedade” (CASAS, 2007 p.15).
Assim sendo, é de se presumir que o termo “Marketing Social”
possa ser um pleonasmo. Afinal, a que se refere “social” nesse contexto? Existe
um vício que nos leva a associar “social” com a parcela da sociedade que se
encontra em situação de baixa renda, desconforto material e exclusão.
Entretanto, todo o ser humano pertence a algum tipo de sociedade, sendo o mesmo
social por excelência e definição.
Parece-nos mais coerente pensar que o Marketing seja um conjunto
de ações que envolvem a sociedade e que têm por finalidade o seu bem-estar,
obtendo, como retorno, o lucro financeiro para seus investidores. Se pensarmos
Marketing Social como aquele voltado à população de baixa renda, o que de fato
estamos enfocando seria a segmentação de mercado, voltada para esse tipo de
cliente. Afinal, como ficaria, então, o Marketing para a população de renda
elevada? Não seria, também, social? Não são seres sociais aqueles que compõem
as classes mais favorecidas da população?
Outra questão que levantamos é a visão desses pensadores sobre
um tema que nos parece ser tão mal compreendido na atualidade. O senso comum
sobre o Marketing acabou traduzindo-se na aplicação de ferramentas como a
comunicação exaustiva e invasiva de produtos e serviços, muitos deles não
desejados ou impostos pela mídia como implantes em nossas mentes e com
finalidade de concentração de renda para acionistas e grandes corporações
multinacionais. Resultantes dessa miopia conceitual, teríamos a necessidade de
criação de termos como “Marketing Social”, “Responsabilidade Social”, entre
outros tantos?
Os conceitos contidos na máxima “Marketing Social” mais nos
parecem, como mencionamos, uma repetição desnecessária, ou, a re-criação de um
conceito já existente mas que, por conta da sua não compreensão, esta traduzida
em comportamentos das empresas, justifica-se como algo novo. Talvez para que
possamos imaginar que, a partir de sua re-criação, abre-se uma possibilidade de
vermos, na prática, o que os mestres há anos tentam nos ensinar. Será que um
novo termo funcionará? Seria mesmo um caso de semântica? Não nos parece assim.
De fato, a distância entre o que se conceitua e o que se aplica, no campo do
Marketing, torna-se tal, que podemos pensar na associação possível com a (baixa)
longevidade de muitas das empresas brasileiras.
REFERÊNCIAS
KOTLER, P. KELLER,
K. L., Administração de marketing.
12. Ed. São Paulo: Pearson Hall, 2006. 750p.
CASAS, A. L. L., Marketing de serviços. 5. Ed. São
Paulo: Atlas, 2007, 257p.
Marcos Antônio Manica, disponível em http://www.coladaweb.com/marketing/marketing-social , visitado em 10/03/2015)
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