O PROBLEMA DOS TRÊS CORPOS: SPOILER DE UMA DISTOPIA POSSÍVEL?

 “Para conter mesmo o desenvolvimento da civilização e desarmá-la por muito tempo, só há um jeito: matar a ciência na Terra. - O plano é enfatizar os efeitos ambientais negativos do desenvolvimento científico e demonstrar indícios de um poder sobrenatural para a população da Terra - ..... - Além de destacar os efeitos negativos do progresso, também tentaremos usar uma série de “milagres” para produzir um universo ilusório que não possa ser explicado pela lógica da ciência. Quando essas ilusões perdurarem por algum tempo, existe uma possibilidade de que a civilização trissolariana passe a ser alvo de adoração religiosa por lá. Assim, a mentalidade contrária à ciência vai dominar o pensamento dos intelectuais da Terra, levando ao colapso de todo o sistema de pensamento científico.” (CIXIN LIU – O Problema dos Três Corpos, 1ª Edição Rio de Janeiro: Suma 2016, página 289)

 



O livro “O Problema dos Três Corpos” é uma ficção científica que aborda uma suposta civilização em um sistema estelar composto por três sóis, onde se alternam períodos propícios à vida com outros caóticos, em que a vida não se sustenta, ou por excesso de calor ou de frio ou ainda por ação da gravidade.

Um sistema estelar de três corpos é um sistema caótico que não permite previsões sobre os movimentos das estrelas: um desafio para os matemáticos há anos.

Retomando à ficção, a população desse sistema caótico denominada “trissolariana”, descobre a Terra – um sistema harmonioso com apenas um sol – e decide migrar. Para tanto, precisam combater os avanços da ciência na Terra, para que não sejam impedidos de dominar nosso planeta.

A estratégia é desacreditar a ciência e promover efeitos tecnológicos visuais que pareçam milagres, fazendo com que a população se torne mística e adoradora dos deuses trissolarianos.

O texto demonstra uma estratégia já usada pelas religiões na Terra: combater a ciência e os cientistas, promovendo o controle da sociedade por um sistema de crenças rígido. Isso ocorreu na Idade Média, quando os cientistas eram considerados “bruxos” e precisavam se esconder para manter seus estudos sob pena de serem mortos pela igreja.

Hoje também verificamos sociedades mergulhadas em misticismo, tolhendo a liberdade das pessoas, especialmente das mulheres, e punindo quem queira apresentar fatos que ameacem seus domínios.

Fico pensando que a qualidade da educação tem caído nas últimas décadas e, por consequência, o fanatismo religioso tem ganhado espaço em muitos países, incluindo o nosso.

Hoje temos tecnologia para simular “milagres”: podemos criar um Jesus descendo do céu, por exemplo, com drones ou efeitos holográficos. Grande parcela da população se curvaria a um evento assim e um grupo “escolhido”, tomaria o poder, trazendo uma nova Idade Média.

Curiosamente, diversas notícias sobre a multiplicação de avistamentos em Nova Jersey, nos EUA têm sido veiculadas, do que seriam “drones” de origem desconhecida. Isso no momento em que Ellon Musk assume cargo no governo norte americano, justamente aquele que detém conhecimento em tecnologia de ponta na atualidade e poder econômico para pôr em prática seus projetos.

Na minha visão, a busca pelo conhecimento deve ser uma constante e através de fontes científicas seguras. Com conhecimento não somos manipulados, não esperamos um “deus” para nos salvar: afinal, somos responsáveis pelas nossas atitudes e essas é que podem nos salvar. Lembrando aos religiosos que o fim da história é chamado de “Juizo Final”, e penso que esse Juiz não seria conivente com quem vive se ajoelhando em orações, mas, apoiaria aqueles que se esforçaram por um mundo melhor, lutando contra as doenças, a miséria, a justiça e a ganância.

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