Distorções no Espaço Tempo Cultural
Notícias veiculadas recentemente,
aparentemente desconectadas, demonstram certas rupturas culturais e
fragmentação do pensamento.
Como título “O fato cogumelo
entre os CEOs” a newsletter “The News” de 04/01/2025 relata que
“CEOs estão
trocando os seus escritórios por retiros espirituais que oferecem experiências
com drogas alucinógenas.... Para se ter uma ideia da tendência, nos EUA, 17%
dos empregadores já oferecem um benefício de terapia com drogas psicodélicas para os seus funcionários...
Basicamente, o composto dos cogumelos mágicos embaralha temporariamente áreas
do cérebro do usuário relacionadas ao senso de espaço, tempo e de si mesmo.”
Fonte: https://thenews.waffle.com.br/negocios/o-fator-cogumelo-entre-os-ceos
Também neste mês, a mesma
newsletter publicou, sob o título “Um negócio bom pra cachorro”, que/;
“Os americanos gastaram US$ 186 bilhões com
seus pets em 2023, segundo o Bureau of Economic Analisys.... Por que estamos
falando disso? Esses dados mostram uma tendência que cresce cada vez mais entre
a Gen Z: não ter filhos, mas ter animais de estimação. Para você ter uma ideia,
quase metade da geração Z afirma que os pets são a coisa mais importantes em suas
vidas.... Essa tendência faz com que a indústria tenha um dos maiores
crescimentos esperados na década. A expectativa é que os americanos gastem
aproximadamente US$ 260 bilhões por ano com os pets até 2030.
Fonte:
Newsletter "The News" publicada em 20/01/2025
Hugo Rodrigues publicou no Instagram
“Nove macrotendências globais”, às quais fiz alguns recortes:
“Novo
Niilismo: ... 66% dos brasileiros dizem que preferem viver o presente porque o futuro é muito incerto.”
“Retorno aos
Modelos Antigos: em tempos de incerteza e complexidade, muitas pessoas buscam
conforto em um passado idealizado.”
“Fuga para o
Individualismo: Cresce um foco no individualismo e na priorização do eu como
forma de buscar desacelerar e escapar da complexidade do mundo.”
“Deslumbramento
Tecnológico: ... a popularização da IA tem gerado entusiasmo em relação às
novas possibilidades. Ao mesmo tempo, paradoxalmente, cresce uma visão
fatalista de que a tecnologia pode prejudicar as nossas vidas.”
“Fraturas da
Globalização: Enquanto muitos celebram a conectividade global, outros questionam
os impactos sobre a soberania nacional e as culturas locais.”
Fonte: https://www.instagram.com/p/DDrOLRZx3Ye/?img_index=11&igsh=cG96dDhqaGpidmFn
Resumindo grosseiramente, vivemos
um momento de incertezas, de uma dualidade entre a empolgação com a evolução
científica, em especial a I.A., e o receio com os possíveis efeitos colaterais
indesejados dessa mesma evolução.
Parte da população rejeita o
presente e o futuro, por medo e por incertezas, buscando um futuro “imaginado”,
como relata o texto e com o qual eu reforço com minha percepção pessoal.
Afinal, com 65 anos de idade, não desejo retornar ao passado, pois, não eram “bons
tempos” como muitos dizem ter sido. Lembrando que parte de minha vida, da
infância à adolescência, o Brasil vivia a ditadura militar, com as notícias dos
escândalos e crimes censuradas e a economia apresentando índices inflacionários
recordes.
O
endividamento subiu de 15,7% do PIB em 1964 para 54% do PIB quando
os militares deixaram o poder, em 1984. A dívida externa cresceu 30
vezes. Passou de US$ 3,4 bilhões em 1964 para mais de US$ 100 bilhões
em 1985.
Fonte: Brasil Escola – UOL
Esse passado “imaginado” é um
conto de fadas e um refúgio para o medo no presente. Sim medo, pois, o mundo
está em mudanças aceleradas e isso cria uma insegurança constante sobre o
conhecimento que precisa ser constantemente atualizado. Um mundo que exige o
estudo constante e poucas garantias sobre as oportunidades de renda e
crescimento pessoal.
Pessoas inseguras se defendem
inflando seus egos, pela necessidade de autocuidado. Se tornam individualistas
e confiam mais nos pets que em relacionamentos humanos.
Vivem o presente na intensidade
que podem, como se fosse a única oportunidade possível.
Enquanto isso, CEOs de grandes
empresas buscam inspirações em drogas alucinógenas, o que não é considerado um
crime: crime é a maconha, usada por parte da população pelas mesmas razões e
incertezas, mas, considerada como ameaça e punida com rigor em ações que muitas
vezes tiram as vidas de inocentes, muitos deles crianças pobres.
Os EUA reempossam hoje Donald Trump,
com um discurso protecionista e conservador que, com sua enorme influência econômica
sobre todo o mundo, promete aprofundar a crise ideológica e aumentar o desequilíbrio
econômico mundial, em favor de si mesmo. Os norte americanos que defendem seu
discurso parecem estar sendo seduzidos como foram os alemães nos anos de guerra
mundial, que se achavam humanos geneticamente superiores. Se veem como
superiores, olham para as demais nações como usurpadoras e nocivas para sua
estabilidade.
Cresce a xenofobia no mundo,
potencializada com o uso das redes sociais patrocinadas por bilionários
alinhados com o poder e com intenções de governança mundial.
Os próximos dias exigem que, para nossa defesa, tenhamos mais interesse por informações de fontes seguras, não nos deixemos levar por modismos e “cartilhas de conduta” ditadas por segmentos ideológicos (“direita” ou “esquerda”), mas, pelo conhecimento histórico e científico.
Isso para não cairmos na
armadilha da manipulação por aqueles que nada desejam de nós que não sejam o
trabalho e o consumo com o objetivo de mantê-los no poder e no controle dos
recursos globais.
O roteiro está traçado: pessoas
que não confiam no futuro e se tornam egocêntricas, se preocupam mais com seus
pets que com crianças pobres, se tornam insensíveis à miséria e à violência das
guerras e não questionam, apenas seguem o que se deseja na nova ordem mundial
que se apressa em se consolidar.
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