Educação x Políticos Brasileiros


Definitivamente, preciso escrever sobre esse tema, já tanto discutido em tantas instâncias, mas, que não apresenta resultados práticos.
O Brasil encontra-se na 38ª posição do ranking mundial em pesquisa sobre a qualidade da educação (segunda edição do relatório produzido pela empresa de sistemas de aprendizado Pearson (ligado ao jornal britânico Financial Times) e pela consultoria britânica Economist Intelligence Unit EIU).
"Países em desenvolvimento ocupam a metade inferior do ranking, com a Indonésia novamente aparecendo em último lugar entre as 40 nações analisadas, precedida por México e Brasil", diz o relatório produzido junto com o ranking ("A Curva de Aprendizagem").
Simultaneamente, ouço no rádio campanha do atual prefeito de Joinville sobre o investimento feito em educação: tablets, prédios reformados ou novos e uniformes para alunos.
É esse o mote dos políticos brasileiros que pensam que obras públicas e doação de equipamentos são remédios para a baixa qualidade da educação praticada nas escolas públicas nacionais.
Existem duas conclusões às quais posso chegar. A primeira delas, a que gostaria de acreditar por ser a mais ingênua, seria a falta de preparo dos nossos políticos para lidar com esse tema e o descompasso desses nossos “representantes” com os problemas atuais. De fato, nossos políticos parecem viver em outra época, com os mesmos discursos e as mesmas posturas de sempre, diante de uma geração que não mais deposita neles qualquer tipo de esperança de solução de seus direitos mais básicos, como a saúde, a educação, a moradia e a segurança. São dinossauros que se perpetuam em modelos arcaicos, mas que se beneficiam de nossas contribuições pelos impostos, com altos salários e privilégios.
A segunda alternativa, que é a que eu penso ser a mais provável, é de que esses políticos agem dessa forma para manter suas posições e acesso a verbas públicas de maneira ilícita. É mais fácil desviar verbas de compras de materiais e de construções. Preparar melhores conteúdos didáticos, melhores professores e garantir uma educação de qualidade não traz essas oportunidades.
Existem ainda os interesses dos financiadores das campanhas milionárias para elegê-los, que se beneficiam com os baixos níveis de serviços, uma vez que obrigam a população a investir em educação, saúde, moradia e segurança privadas.
Enoja-me ver na televisão campanhas com políticos fazendo gestos de efeito, como aqueles utilizados pelo nosso ex-presidente Fernando Collor em sua campanha bem sucedida em 1989, que já imitava o ex-presidente Juscelino Kubtischek: gestos de luta, punhos cerrados e cara de justiceiro. Usa-se de manifestos de rua na tentativa de trazê-los para seu controle.
O que não se dão conta é que a população cada vez menos acredita na classe política e que, a continuar nesse ritmo, manifestações públicas e desordem social se multiplicarão, pois esses mesmos políticos ensinam a população que somente através de manifestações contra o patrimônio público e privado conseguem respostas, ainda que sem a consistência desejada.
O governo se pensa empresário, esquecendo-se de que vive da arrecadação compulsória de taxas e impostos, num ambiente sem concorrência. Esquece-se de que cabe a ele o que as empresas nunca farão: assistir à população em seus momentos de fraqueza.
Para os empresários, somente pessoas produtivas são valorizadas, mas, o ser humano somente é produtivo em 1/3 de sua vida, na idade adulta, visto que na infância e velhice, depende totalmente do Estado.
Se o Estado não assume seu papel, quem o fará?
Iniciativas civis têm tentado atenuar o sofrimento da população atingida pelo abandono do Estado, através de organizações não governamentais, as conhecidas Ongs, mas , então, para que servirá o Estado?
Se o Estado não cumpre a sua finalidade, perde seu poder de persuasão e somente se mantem através da força. Isso pode explicar a truculência de nossa polícia, também considerada entre as mais violentas no mundo (ver http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/crimes/2013-11-05/policia-brasileira-mata-cinco-por-dia-e-e-uma-das-mais-letais-do-mundo.html ).
Fica aqui registrado o meu manifesto e indignação e o sonho que, um dia, venhamos a ter uma educação de melhor qualidade, digna de um país com essa magnitude, quem sabe numa nova era, em que a política, e principalmente os políticos, sejam reinventados.




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