Educação x Políticos Brasileiros
Definitivamente,
preciso escrever sobre esse tema, já tanto discutido em tantas
instâncias, mas, que não apresenta resultados práticos.
O
Brasil encontra-se na 38ª posição do ranking mundial em pesquisa
sobre a qualidade da educação (segunda
edição do relatório produzido pela empresa de sistemas de
aprendizado Pearson (ligado ao jornal britânico Financial
Times)
e pela consultoria britânica Economist Intelligence Unit EIU).
"Países
em desenvolvimento ocupam a metade inferior do ranking, com a
Indonésia novamente aparecendo em último lugar entre as 40 nações
analisadas, precedida por México e Brasil", diz o relatório
produzido junto com o ranking ("A Curva de Aprendizagem").
A matéria completa encontra-se na página :
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/05/140508_brasil_educacao_ranking_dg.shtml
.
Simultaneamente,
ouço no rádio campanha do atual prefeito de Joinville sobre o
investimento feito em educação: tablets, prédios reformados ou
novos e uniformes para alunos.
É
esse o mote dos políticos brasileiros que pensam que obras públicas
e doação de equipamentos são remédios para a baixa qualidade da
educação praticada nas escolas públicas nacionais.
Existem
duas conclusões às quais posso chegar. A primeira delas, a que
gostaria de acreditar por ser a mais ingênua, seria a falta de
preparo dos nossos políticos para lidar com esse tema e o
descompasso desses nossos “representantes” com os problemas
atuais. De fato, nossos políticos parecem viver em outra época, com
os mesmos discursos e as mesmas posturas de sempre, diante de uma
geração que não mais deposita neles qualquer tipo de esperança de
solução de seus direitos mais básicos, como a saúde, a educação,
a moradia e a segurança. São dinossauros que se perpetuam em
modelos arcaicos, mas que se beneficiam de nossas contribuições
pelos impostos, com altos salários e privilégios.
A
segunda alternativa, que é a que eu penso ser a mais provável, é
de que esses políticos agem dessa forma para manter suas posições
e acesso a verbas públicas de maneira ilícita. É mais fácil
desviar verbas de compras de materiais e de construções. Preparar
melhores conteúdos didáticos, melhores professores e garantir uma
educação de qualidade não traz essas oportunidades.
Existem
ainda os interesses dos financiadores das campanhas milionárias para
elegê-los, que se beneficiam com os baixos níveis de serviços, uma
vez que obrigam a população a investir em educação, saúde,
moradia e segurança privadas.
Enoja-me
ver na televisão campanhas com políticos fazendo gestos de efeito,
como aqueles utilizados pelo nosso ex-presidente Fernando Collor em
sua campanha bem sucedida em 1989, que já imitava o ex-presidente
Juscelino Kubtischek: gestos de luta, punhos cerrados e cara de
justiceiro. Usa-se de manifestos de rua na tentativa de trazê-los
para seu controle.
O
que não se dão conta é que a população cada vez menos acredita
na classe política e que, a continuar nesse ritmo, manifestações
públicas e desordem social se multiplicarão, pois esses mesmos
políticos ensinam a população que somente através de
manifestações contra o patrimônio público e privado conseguem
respostas, ainda que sem a consistência desejada.
O
governo se pensa empresário, esquecendo-se de que vive da
arrecadação compulsória de taxas e impostos, num ambiente sem
concorrência. Esquece-se de que cabe a ele o que as empresas nunca
farão: assistir à população em seus momentos de fraqueza.
Para
os empresários, somente pessoas produtivas são valorizadas, mas, o
ser humano somente é produtivo em 1/3 de sua vida, na idade adulta,
visto que na infância e velhice, depende totalmente do Estado.
Se
o Estado não assume seu papel, quem o fará?
Iniciativas
civis têm tentado atenuar o sofrimento da população atingida pelo
abandono do Estado, através de organizações não governamentais,
as conhecidas Ongs, mas , então, para que servirá o Estado?
Se
o Estado não cumpre a sua finalidade, perde seu poder de persuasão
e somente se mantem através da força. Isso pode explicar a
truculência de nossa polícia, também considerada entre as mais
violentas no mundo (ver
http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/crimes/2013-11-05/policia-brasileira-mata-cinco-por-dia-e-e-uma-das-mais-letais-do-mundo.html
).
Fica
aqui registrado o meu manifesto e indignação e o sonho que, um dia,
venhamos a ter uma educação de melhor qualidade, digna de um país
com essa magnitude, quem sabe numa nova era, em que a política, e
principalmente os políticos, sejam reinventados.
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