QUANDO A VÍTIMA SE SENTE CULPADA PELO CRIME QUE SOFREU
Creio que todos já caíram ou
conhecem alguém próximo que caiu em algum golpe por meio de internet ou ligações
de falsos Call Centers.
Esse tipo de crime é frequente e
de difícil punição para os seus protagonistas.
Quando uma modalidade é
divulgada, surgem outras formas de assédio. O assédio é constante.
Recebo muitas mensagens comunicando
valores que teriam sido debitados em minha conta sem meu conhecimento,
indicando telefones para contato para “confirmação”.
Não dou bola, mas, existem outros
modelos, como envio de e-mails comunicando indiciamento jurídico, promoções
muito tentadoras clicando em algum banner e por aí vai.
O problema é que nem sempre
estamos atentos e a frequência nesse assédio pode nos pegar em um momento de distração.
Isso ocorreu com alguns parentes
e colegas meus.
Alguns saudosistas preferem não
aderir aos benefícios e facilidades da tecnologia, como forma de se protegerem.
Outro dia ouvi de uma pessoa que não tem internet banking por segurança. Fiquei
pensando: então essa pessoa prefere ir a uma agência física, mas, com certeza,
irá utilizar-se dos caixas eletrônicos, que estão sujeitos aos mesmos golpes,
uma vez que utilizam o mesmo sistema. Isso sem considerar o risco físico de um
assalto à agência.
Penso que a tecnologia, quando disponibilizada,
não deixa alternativas viáveis.
Se não usarmos nossos smartphones,
as alternativas levar-nos-ão a dispensar mais tempo e dinheiro para atingir os
mesmos objetivos ao alcance de um “click”. Seria como não querer andar de
carro, por razão dos riscos de acidentes, decidindo utilizar-se de carroças
puxadas a cavalos.
As pessoas que não aceitam a
tecnologia, acabam por criar problemas - e custos - para si mesmas e para os
outros.
Mas o que me fez escrever esse
post foi a indignação para como são vistos os golpes aplicados com apoio da
tecnologia.
Além dos culpados raramente serem
encontrados e punidos, as vítimas são constrangidas pela sociedade em geral,
por terem tomado atitudes “tolas”.
Fica difícil, até mesmo para
elas, comentarem sobre o crime à qual foram vítimas.
Imagine uma pessoa ser vítima de
um golpe, sofrer prejuízos e ainda ter vergonha de assumir o fato perante seus
próximos.
Quem devia ser julgado seriam os
golpistas, não as vítimas.
Com relação à coibição desses
golpes, apesar de ainda ser ineficaz, começa a mobilizar a sociedade, assim
como o envio de mensagens falsas tem gerado punições aos envolvidos.
Mas ainda existe um longo caminho
a percorrer: quem sabe com a inteligência artificial à serviço da polícia,
possamos alcançar um nível maior de segurança.
Enquanto isso, as vítimas se
tornam vítimas pela segunda vez, quando acossadas pelo sentimento de “culpa”.
Tratamos as vítimas como
culpadas, confundindo os papéis e reforçando a violência cibernética praticada
pelos verdadeiros algozes.
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