ESCREVO PARA NINGUÉM
Escrevo com a certeza de que
poucas pessoas lerão.
Não me importo. De fato, meu blog
tem sido acessado por pessoas que não conheço. E esse acesso se dá, na maior
parte das vezes, por conta de buscas rápidas nas plataformas de pesquisa onde,
por acaso, um título que postei coincide com um interesse qualquer.
Despejo pensamentos como quem
joga as roupas malpassadas dentro do armário do quarto.
Depois esqueço do que escrevi.
Com certeza posso me surpreender
com coisas que postei há algum tempo.
Assim, reproduzo a vida, onde
produzimos de forma inacabada e mal finalizada muitos projetos. Jogamos no
guarda-roupas e esquecemos.
No fundo desse guarda-roupas
existem pensamentos passados, mal vividos. Alguns até promissores, mas,
esquecidos no fundo escuro, ficarão esquecidos e, um dia, desaparecerão.
Melhor talvez, porque somos
movimento. Mudamos como a direção dos ventos. Queremos ser livres mas estiramos
as velas e somos levados.
O que ficou para trás não é nada
mais que uma paisagem distante e distorcida pela névoa da distância e
desaparecerá na curvatura da Terra.
Jogo meus pensamentos ao vento.
Não serão lidos senão por desastrados que se perderam em suas buscas.
O que eu tenho de interessante a
ser lido? Nada que não seja o mesmo que exista dentro dos corações de todos: o
grande vazio existencial, o poço de incertezas, a vergonha de estar tão
distante do que pensei ser, a constatação dramática da incompletude.
Me aproximo agora de 100 mil
visualizações. Pouco em termos de internet, muito em termos de pessoas que já
me acessaram, o tudo e o nada.
Se o que posto é tão insignificante,
tal qual a minha existência, apoio-me na ideia de que, por essa mesma razão,
sou estatisticamente uma improbabilidade, uma raridade, um ser único em todo o
espaço tempo do cosmos.
Comments