AÇÃO SOCIAL DERRUBA INADIMPLÊNCIA ATRAVÉS DO INVESTIMENTO NA ERRADICAÇÃO DE VAZAMENTOS DE ÁGUA.

Trabalho na empresa de saneamento básico Companhia Águas de Joinville, na coordenação de Responsabilidade Social.

Existem em Joinville, sete condomínios que foram construídos para famílias selecionadas pela Secretaria de Habitação, por razão de suas vulnerabilidades. Somam, no total, 2.124 famílias que residem nesses condomínios. A maior parte deles já completou mais e dez anos de construção e problemas com inadimplência nas contas de água se tornaram crônicos e preocupantes.

Existem algumas causas que causam alta inadimplência, tais como:

- Facilidade de ligações clandestinas

- Alta rotatividade de famílias

- Instalações hidráulicas sem manutenção adequada

As ferramentas que a empresa utiliza contra a inadimplência são o corte, a negativação do CPF e as multas, quando da violação do corte e judicialização dos débitos.

A Tarifa Social também é aplicada, reduzindo os valores das faturas mensais.

Entretanto, os índices de inadimplência permanecem elevados.

A Coordenação de Responsabilidade Social da empresa, preocupada com essa situação, decidiu se debruçar e estudar uma solução com um olhar social para essas questões.

Curiosamente, foi justamente esse olhar social para uma questão financeira que trouxe à luz uma alternativa de ação que já demonstra resultados.

Descobrimos que existem famílias com consumo de água elevados, que não se justificam pelo consumo humano.

Um exemplo que encontramos: uma família apresentava um consumo de 493 metros cúbicos de água no mês de março deste ano de 2025. O valor da fatura de água: R$6.222,26.

Começamos a levantar as causas e concluímos que a principal causa de consumos atípicos são as Caixas Acopladas dos vasos sanitários.

A falta de manutenção, causa consumos atípicos e geram faturas de valores impossíveis de serem pagos pelas famílias com renda limitada.

Essa família estava obviamente inadimplente e as faturas permaneceriam altas nos meses seguintes, caso nada fosse feito.

Pensamos: se não conseguimos receber as contas pelas ferramentas que temos, por que não reduzir o consumo dessas famílias? Faturas com valores menores representam uma menor perda de arrecadação, ainda que essas famílias continuem inadimplentes. Além disso, aumentam as chances de que, com valores menores, consigam honrar com seus pagamentos.

Um kit do mecanismo interno de um caixa acoplada, custa em média R$129,39.

Decidimos pela compra de 10 kits para substituição em apartamentos que apresentaram consumos elevados por motivo de mau funcionamento desse equipamento. A mão de obra nessa substituição foi feita por eletricista da empresa de saneamento.

Como exemplo, a família que no mês de março apresentou uma conta com 493 metros cúbicos e valor de R$6.222,26, após a substituição do kit reduziu o consumo, em abril, para 21 metros cúbicos e a fatura caiu para o valor de R$71,93.

Somente com essa família, reduzimos a inadimplência em R$6.150,33 em um só mês.

Após a instalação dos 10 kits, de março a julho, obtivemos a diminuição de R$66.709,20 nos valores das faturas somadas nesses seis meses de avaliação.

O consumo dessas 10 famílias, que era de 1.399 metros cúbicos em março, chegou em agosto com 150 metros cúbicos. No período de seis meses, foram eliminados 5.271 metros cúbicos de água que eram, portanto, desperdiçados.

Esse volume de água desperdiçada que eliminamos corresponde a 59 apartamentos consumindo 15 metros cúbicos mensais, por um período de seis meses.

Os resultados trouxeram algumas negociações e atual adimplência, diminuição nos valores de inadimplência mensal forçada pela diminuição dos valores das contas e maior disponibilidade de água nos condomínios, que ficavam em alguns momentos com a pressão de água comprometida em função das perdas com esses vazamentos.

Essas dez famílias atendidas são objeto de um projeto piloto. O potencial é enorme e podemos, com um baixo investimento, diminuir as perdas por vazamentos e diminuir substancialmente a inadimplência.

Esse projeto demonstra que existe a necessidade de segmentação no atendimento aos clientes das empresas de saneamento e que, para famílias em vulnerabilidade social, a participação do atendimento social aliado aos interesses financeiros da empresa, trazem resultados mais significativos e robustos, o que rompe o paradigma da suposta disputa entre o social e o financeiro.