A SUBJETIVIDADE DO BELO

 

A incursão acerca do belo e do feio, elaborada pelo filósofo alemão ...(Nietzsche)..., expõe ao olhar o caráter antropomórfico do que entendemos por tais conceitos, presos à mais instintual subjetividade, pois que “o belo em si” não seria mais que uma miragem ou um ludíbrio, pois se trata de mero espelhamento daquilo que tomamos por belo ou perfeito: “uma vaidade da espécie”.

Friedrich Nietzsche - Belo e Feio

https://blogdocastorp.blogspot.com/2021/05/friedrich-nietzsche-belo-e-feio.html

 

Certa vez, quando em Jundiaí/SP, trabalhava no cadastramento de famílias para regularização de energia elétrica em uma comunidade que se situava em um morro, encontrei uma cena que me sensibilizou, pela sua beleza.

Em meio a casebres, caminho em que passava por quintais até o topo da montanha, cheguei a um ponto em que se apresentava um vale em forma de cratera, ladeado por casebres em um número incalculável. Para mim, a imagem se assemelhava a um Coliseu sem arena, mas repleto de barracos pequenos, sobrepostos.

A visão para mim representava uma beleza estonteante. Estava diante de uma aglomeração humana com características peculiares e ímpares.

Uma colega de trabalho não via a mesma beleza, mas, apenas miséria e tristeza.

O olhar distante me trazia uma estética artística e bela, mas, de fato, o olhar mais apurado, mostraria um universo de famílias excluídas e privadas dos padrões mínimos esperados de qualidade de vida e conforto.

Essa dicotomia traduz a subjetividade apontada por Nietzsche e me coloca na desconfortável condição de um observador que capturou uma beleza forçada por uma vaidade poética diante da catástrofe humana.

Não consegui fazer uma foto que demonstrasse o que vi, pois, meu celular não tinha câmara capaz de captar esse ângulo.

A imagem ficou em minha memória e já faz parte de um passado, pois, obras foram iniciadas e essas famílias removidas.

 


Fonte:https://fumas.jundiai.sp.gov.br/2017/07/obras-no-jardim-sao-camilo-iniciam-nova-etapa/

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