REBELDIA, PORQUE O MOMENTO É DE ESCARNIO A TODA ESSA MERDA DE FALSA MORAL

 

Enquanto observo a janela e a chuva fina e fria, que quando criança eu chamava de garoa, mas, agora que moro no Sul não me faço entender pelo desuso dessa palavra tão cheia de conteúdo me dou conta de que nos próximos meses o tempo irá mudar.

O calor virá aos poucos e chegaremos a uma temperatura tórrida, para depois, num ciclo que me parece eterno, voltar ao frio.

O movimento da temperatura, suas alternâncias, apesar de previsíveis e posicionadas no tempo em forma de estações, nem de longe sugerem um equilíbrio, posto que a cada giro desse ciclo me torno mais velho e diferente.

Me renovo em células, minha biologia se transmuta em direção ao caos, ainda que de forma lenta e imperceptível enquanto ocorre.

O mundo muda, a Terra gira e vaga pelo universo e este, talvez, se mova entre multiversos.

Nada é estático, somente a pobreza, a vileza e a ganância humana.

Por isso cresce meu asco pelos modelos, pelos simulacros, pelos comportamentos padronizados, pelas igrejas e pelas ideologias.

Asco pelo jeito “certo” de se comportar, de se vestir, de se discursar.

Enquanto se pregam conceitos de falsa e odiosa moral, queimam-se florestas, matam-se índios, pobres, pretos e mulheres. Abandonam-se crianças, idosos e aqueles que mais dependem de apoio pelo seu momento de fragilidade.

Legitima-se a ganância, a competição, a violência.

Aceita-se a miséria, a fome, a dor.

Desdenha-se do conhecimento acumulado, da ciência, da história, em troco de fábulas ridículas.

Por isso tenho o prazer de buscar o oposto, a despadronização. Admiro aqueles que são considerados loucos, que ousam mudar, questionar, escancarar a dor e a realidade.

Desejo a plateia para abaixar as calças e mostrar minha bunda branca e peluda, feia, mas do jeito que é, do jeito que sou.

Desejo a estranheza, quero quebrar a guitarra como faziam os monstros do rock dos anos 70, zombar de tudo e de todos.

Num mundo podre, onde muitos ridículos querem impor comportamentos e vestimentas, mas que caminham para a destruição e para a desilusão dos jovens, jovens que deveriam desejar um mundo melhor, mas que hoje anseiam pelo fim, pela catástrofe, o apocalipse como forma de extirpar da Terra toda essa merda que fede e corroe.

Tenho o prazer de correr contra, prefiro o Coringa ao Batman, meus heróis são os cientistas, os rockeiros e os artistas, além dos anarquistas.

Fodam-se todas as igrejas e todos os mitos.

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