SENTIDO DA VIDA – UMA BUSCA AO DESCONHECIDO

 

 

Embora vivamos num universo – ou será multiverso? – em constante movimento, apegamo-nos a questões imaginadas imutáveis.

Talvez a maior razão disso seja a não aceitação da morte, de nossa finitude.

Imaginamos leis imutáveis e limites que, por não encontrarem fundamento no mundo real, tornam-nos expostos a acontecimentos inexplicáveis e, por essa razão, inaceitáveis dentro de nossos limitados conceitos.

Nosso desconhecimento sobre tudo, desde nossas menores partes como células e átomos, até a estonteante e incompreensível imensidão do Cosmos, nos traz tamanha insegurança que nos leva a criar teorias que tragam algum sentido a tudo e a nós mesmos.

Ao mesmo tempo, não nos confortamos com essas teorias, posto que são limitadas à nossa compreensão de tudo. Não encontramos o “sentido” das coisas, da vida e de nossa existência.

Essa busca por um sentido que desconhecemos, nos traz muito desconforto e, nos casos mais graves, a depressão.

Penso que o erro encontra-se em imaginar sentido para as coisas e para nós mesmos. Se existe um sentido, ele deve ser tão desconhecido nosso que não teremos condições de alcançá-lo.

Quando imaginamos sentidos, nos deparamos com a constante aleatoriedade dos acontecimentos e ficamos encurralados.

Talvez a saída seja a desconstrução de nossas crenças. O mundo não é justo, apesar de termos o sentimento da justiça. Não existem oportunidades iguais, apesar de assim o desejarmos.

Vamos morrer e não existe qualquer informação que nos traga a certeza de uma continuidade após a morte física: o silêncio dos mortos é uma desconstrução inquietante.

Talvez nossa vida seja eterna numa fração de tempo, já que o tempo seria uma abstração humana.

Talvez exista um sentido, mas, esse sentido está tão distante de nossa compreensão que se torna inalcançável.

Então, precisamos aprender a viver como os animais: viver sem buscar respostas, mas, pelo instinto da sobrevivência da espécie.

Aliás, viver pela sobrevivência da espécie é uma grande lição de amor, pois, pensamos e agimos pelo bem e pelo desenvolvimento de todos, entendendo-nos como parte desse grupo – esse comportamento não comporta o egoísmo.

Viver pelo coletivo nos trás mais satisfação, nos traz o sentimento de utilidade e, por conseguinte, nos traz algum sentido.

Mas não nos traz garantias: podemos morrer cedo, fazendo o bem pela coletividade enquanto pessoas egoístas podem viver mais e com mais conforto.

O sentido não estaria, então, ligado ao reconhecimento, ao mérito. Aí o aleatório se impõe e encontraremos aqueles que serão reconhecidos e outros que serão esquecidos.

A saída pode ser estar em paz com nossa consciência, sabendo que a vida é rara no universo (até hoje não encontramos outras formas de vida fora da Terra – o que não quer dizer que não existam, mas, não são fáceis de se encontrar).

A própria oportunidade de viver pode ser vista como um sentido, ainda que por tempo tão diminuto.

Viver pelo todo, pelo coletivo, como fazem os animais.

 

 

 

 

 

 

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