A MORTE DO DÍALOGO

 

Diálogo 

m.Conversação entre duas pessoas.Ext.Conversação entre muitas pessoas.
Obra literária ou científica em forma dialogada.(Gr. dialogos)[1]

 

Há tempos a palavra “diálogo” tem sido usada de forma indevida. Não encontro mais pessoas que busquem o diálogo. Antes, sob o pretexto do diálogo, procuram o monólogo.

O encontro entre duas ou mais pessoas tem-se traduzido numa disputa de egos, um jogo, no qual sai vencedor aquele que mais fala ou que se coloca de maneira mais eloqüente. O objetivo é vencer: ter a opinião final, impor-se, esgotar o assunto e eliminar controvérsias, demonizando os controversos.

E como no processo competitivo só existe um vencedor, quanto maior for o grupo participante, maiores serão os conhecimentos perdidos, abafados, contidos.

E por se evitar o diálogo e se impor o monólogo, o conhecimento se torna pequeno e estático.

O constante movimento do universo, do meio físico e das civilizações exige um conhecimento que flua, que se renove com cada vez maior velocidade, um conhecimento ciente de suas limitações e finitudes. O conhecimento que se percebe em movimento e, portanto, sujeito a constantes revisões.

O diálogo promove o movimento, o olhar multicultural. Considera todos os pontos de observação e abandona as certezas. As certezas são capazes de nos bloquear, de nos extinguir. Oferecem um falso conforto por não exigirem esforços e revisões, mas, por isso mesmo, nos tornam patéticos.

Pelo princípio da sinergia, duas opiniões podem gerar uma terceira ainda melhor e multiplicar-se em novas possibilidades.

Nossa condição de ser social, aliada a questão da evolução constante do meio, exige a promoção do diálogo, como forma humana de desenvolvimento e sobrevivência.

Se existem motivos para o fim da humanidade, talvez o maior deles seja a morte do diálogo. Nossa espécie corre o risco de extinguir-se por repetir antigos erros, por desconhecer a história e por limitar-se a seguir aqueles que mais gritam e que se impõem pela força de seus egos competitivos. Se apenas um vencer, não haverá futuro para a humanidade.

 

 

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