DESNUDAMENTO HISTÓRICO: A ARMADILHA DAS IDEOLOGIAS E RELIGIÕES

 


 

“..imagine there’s no countries,

 it isn’t  hard to do,

nothing to kill or die for,

and no religion too” (John Lenon)

 

Os últimos anos nos têm trazido situações que perecem nos levar a um desnudamento histórico.

Estamos de volta a uma guerra entre uma dualidade que se propõe entre o bem e o mal, mas, que, se decantada, se revela como a exposição de toda nossa essência hipócrita e decadente.

Retornamos à contenda entre o fascismo e o socialismo, apoiados, mais uma vez, por igrejas e instituições, tanto capitalistas quanto revolucionárias.

A divisão nos joga uns contra os outros e se potencializa no mundo, fomentando guerras e todo tipo de violência, todas justificadas por suas partes.

Por traz de todo esse cenário, o que está por trás é a luta por poder e riquezas, como sempre ocorreu.

Cada extremo traz consigo suas regras de conduta e posicionamento, antagônicas para que se mantenha a divisão.

O pensamento crítico é minado, pelos dois lados: existem cartilhas comportamentais a serem seguidas.

Pensar nos levará a perceber armadilhas.

Um exemplo atual: o Hamas invade Israel em um ato terrorista, matando e sequestrando civis, entre esses, crianças e idosos. Israel, em resposta, massacra civis no território palestino na faixa de Gaza, atingindo indistintamente, crianças e idosos, mas, em número maior de vítimas.

A extrema direita se alinha a Israel, enquanto a esquerda de alinha à Palestina. Ambos se justificam: azar das crianças, jovens e idosos civis – são o custo das guerras.

Em meio a esse genocídio, colocar-se ao lado de Israel pode significar apoiar o genocídio, enquanto o apoio à Palestina pode representar o apoio ao terror.

Uma armadilha está nas vítimas: uma criança não deveria morrer por ter nascido em um território disputado, seja ela israelita ou palestina.

Outra armadilha, não menos cruel, é decidir se colocar entre um movimento crescente fascista, que abre espaço para o retorno do nazismo, e outro da barbárie e da violência aos mais frágeis, suportada por religiões machistas e criminosas.

Rene Descartes, que sustentou a tese dualista que ficou conhecida como “dualismo cartesiano”, abriu perspectivas para a evolução industrial e de filosofia ocidental: até mesmo a evolução da computação baseou-se no conceito binário, onde toda a programação é desenvolvida pelo código binário, onde cada bit apresenta duas condições: “zero” ou “um”.

As bases desse pensamento remontam aos conceitos religiosos de “bem” e “mal”, não havendo espaços intermediários.

Entretanto, a ciência atual nos mostra outra realidade: somos plurais e os computadores quânticos começam a se impor aos atuais, criando um cenário de maior evolução e nos oferecendo a possibilidade de crescimento exponencial do conhecimento humano.

Na lógica quântica, os “qubits” são agora emaranhados que não podem ser previstos e podem se situar em mais de uma condição simultaneamente.

Se o dualismo cartesiano nos trouxe até aqui e nos colocou na situação filosófica excludente e parcial, seria correto prever que o conceito quântico poderia nos tirar dessa cilada?

Se entendermos nossa essência como múltipla e mutante, nos tornaríamos mais tolerantes e críticos, além de mais criativos? Estaríamos livres para nos libertar de cartilhas comportamentais, partidos políticos e religiões?

Os tempos que virão serão acompanhados dessa mudança de pensamento filosófico que nos libertaria das atuais amarras, nos levando a parar de matar inocentes?

 

 

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