POLARIZAÇÃO = MANIPULAÇÃO

 

 

Outro dia um conhecido me colocou a questão de que o ano de 2022 será muito difícil. Justificou com o argumento de que, com as eleições presidenciais, a polarização política poderá explodir no país.

Fiquei pensando no que ele disse e isso passou a me incomodar.

Desde quando passei a tomar conhecimento do mundo da política, nunca houve um momento sequer que eu pudesse dizer que o país estava bem. Escândalos sempre existiram.

Aqueles que dizem que o período militar foi bom, ou se esqueceram da história ou inventaram um passado que lhes agrada, mas, nada de verdadeiro existe nessa avaliação. Me lembro muito bem dos escândalos abafados, dos crimes que ficavam sem solução e da arrogância da classe política de então.

Quando jovem, morando na capital de São Paulo, a escola pública que frequentei, tanto no então chamado primário como no colégio, já estava se sucateando, com baixa qualidade de conteúdo – isso nos anos 70.

Nunca depositei confiança em nenhum político e nunca me senti representado: meus candidatos eram escolhidos com dificuldade, para não votar em branco ou anular meu voto, sempre escolhi entre “os menos piores”.

Essa é a realidade da classe política desde sempre.

Algumas pessoas, ingênuas em minha avaliação, decidiram apoiar o governo atual e outras tantas o governo anterior. Não fosse somente essa ingenuidade, alguns passaram a acreditar mais nos políticos do que na ciência.

Neste momento em que escrevo, tenho ao meu lado um smartphone, conectado à internet, com sinais vindos de satélites que orbitam a Terra. Baixei um aplicativo e vejo, em tempo real, imagens do planeta a partir da ISS – Estação Espacial Internacional. Apesar de toda essa evolução científica, fico triste em ver tanta gente negando toda essa evolução, alguns questionando até mesmo o fato da Terra ser um planeta redondo e não ser o centro do universo.

Se ao menos procurassem conhecer melhor a história da humanidade, perceberiam que estão enganados. Perceberiam que o que chamam de “direita” e “esquerda” não passa de uma ilusão plantada para que se alcance o poder. Que todos os países de extrema direita ou extrema esquerda, têm comportamentos totalitários e ditatoriais, são corruptos e belicosos.

No ano que vem, de fato, se continuarmos a nos acusar e fecharmos os olhos para os escândalos de nossos governantes, tanto o atual como o anterior, estaremos sujeitos a discussões infundadas e acaloradas, brigas e violência e, no final, o governo a ser eleito continuará a nos explorar, como sempre fez. Então, por que entrarmos nesse jogo de poder, onde o leitor certamente não terá qualquer tipo de acesso após as eleições?

É preciso que venhamos a ver com clareza os desmandos do governo atual, cobrar dele a competência para gerir o país e não fazer comparações com um passado igualmente infame. A falta de argumentos na defesa do governo faz com que seus defensores apenas mostrem os defeitos dos outros governos.

Precisamos ter argumentos sólidos. Se a imprensa é parcial – a imprensa sempre foi parcial – precisamos saber filtrar com a busca de fatos concretos.

A parcialidade da imprensa fez com que a presidente Dilma sofresse impeachment e que o ex presidente Lula fosse preso. Agora, essa mesma imprensa está sendo acusada de parcialidade e contra o governo atual.

Os fatos são assim: desestabilizam as certezas quando essas se fiam em informações rasas.

Qual o antídoto?

Em minha opinião, governo não existe para ser “adorado”, mas, pago com os impostos que arcamos, devem ser cobrados: um mau empregado é normalmente demitido de uma empresa – assim devemos agir com nosso “empregado” governante.

Precisamos nos informar mais, respeitar aqueles que mais se aprofundam no conhecimento, como os cientistas e colocar nosso melhor conhecimento a favor de nosso país. Um povo esclarecido não pode ser facilmente manipulado.

Não se mistura crença religiosa com política: essa união fez muitas guerras – e ainda faz – genocídios, perseguições. Se você precisa de um bom argumento religioso, lembre-se do que Cristo disse: “dai a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus”. Se Cristo não quis assumir o governo na época e foi traído pelos religiosos de sua época, por que insistir nessa fórmula?

Mas, enfim, nada do que eu escrevi mudará o cenário, porque grande parte da população somente procura argumentos para fortalecer suas opiniões pessoais, muitas vezes preconceituosas e equivocadas.

De minha parte, vou procurar não me envolver em discussões e agir conforme minha consciência me guiar.

Gostaria de ser respeitado em minhas opiniões e não ser colocado em “lados”, sejam eles à direita ou à esquerda, mas, como um cidadão holístico, completo e isento de paixões.

Mas também sei que isso será difícil.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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