PAGAMOS IMPOSTOS PARA NOSSOS ALGOZES

 Respirar entre miras 

e armas

requer reformas de Deus (*) 

 


Cresce no governo a repressão, a mobilização de instituições como a FUNAI, que deveria proteger os povos indígenas, no sentido oposto aos seus originais propósitos.

Assim também com jornalistas e repórteres. 

Ativistas que questionam as mazelas do governo já estão sendo processados, presos e torturados.

PAGAMOS IMPOSTOS PARA NOSSOS ALGOZES.

Algozes sim, cujo trabalho até aqui tem sido no sentido de facilitar o desmatamento criminoso de nossas matas que deveriam estar sendo protegidas, de negligenciar uma pandemia e permitir que as mortes aumentem de forma irresponsável, de partir para a privatização de empresas pelo simples viés ideológico do estado mínimo.

No meu entendimento, estado mínimo seria aquele em que saúde, educação, infraestrutura, saneamento, segurança pública, pesquisa e ação social fossem seus alvos, deixando de lado o elevado número de assessores e cargos políticos que não exigem concursos públicos.

Não menos escandaloso é o discurso de uma falsa noção religiosa, onde o que se quer é enriquecer os já bilionários pastores e bispos que são empresários travestidos de profetas e que solapam os já combalidos recursos de grande parcela da população através de dízimos e de artimanhas nas quais muitos doam seus bens para uma suposta recompensa divina. 

É o governo se sustentando com discursos levados em cultos religiosos, criando a falsa noção de que o presidente é o “escolhido”.

Esse Deus customizado, que atende aos interesses mais perversos de acesso e permanência no poder de políticos assassinos, defensores de milicianos e usurpadores das florestas nativas.

Esse Deus customizado que defende o uso de armas e a condenação de todos aqueles que não se enquadrem sem seu ideal de comportamento, gerando sofrimento e dores a milhões que brasileiros que, como eu, não desejam ser modelados por uma sociedade doente.

Parafraseando Cazuza: “os meus inimigos estão no poder”.

E, antes que alguém se atreva a dizer que sou de esquerda e vagabundo, informo que não tenho lado: sou plural. Quando um extremo se arvora às custas do sofrimento do povo, eu me posiciono do lado oposto, pois é esse o dever de todo ser humano coerente e empático.

E sobre ser vagabundo, informo que sou trabalhador, aposentado por tempo de serviço  e ainda na ativa. Trabalhei em empresas públicas, privadas e em uma ONG. Fui pequeno empresário. Estive em todos os setores da economia e conheci muitos lados dessa história que muitos desejam mostrar apenas num sistema binário.

Como diz a citação de Patrícia Claudine Hoffmann, há de se requerer “reformas de Deus”, de resgatar a empatia e o Ágape tão claro e característico do discurso e testemunho de Jesus. Esse Jesus que, caso retornasse hoje, seria novamente crucificado por andar com os pobres, prostitutas e todos os rejeitados da sociedade.

 

(*) Patrícia Claudine Hoffmann – MATADOURO IMPERFEITO – Editora  Letra D’Água, 2016 



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