E se....




Existem pessoas que acreditam que os opostos não são nada menos do que o mesmo visto por diferente ângulo. De fato, tomamos por verdade percepções limitadas que fazemos das coisas e dos acontecimentos pelos seus opostos.

Percebemos que somos altos ou baixos pela comparação com as pessoas com as quais vemos dentro e fora de nossas vidas. Da mesma forma, nos vemos gordos ou magros, feios ou bonitos, homem ou mulher, bons ou maus. Acreditamos numa realidade dual: Deus e o Demônio, Céu e o Inferno, vida e morte.
Mas e se esses opostos, que tomamos como referências para nos entender, não existirem?
Se, ao contrário, forem os extremos duas faces do mesmo?

E se a verdade estiver "entre" os extremos? Afinal, não somos nós variantes entre extremos?
Encontramo-nos em meio a camadas entre extremos, tanto na aparência quanto nos demais aspectos físicos, sociais ou mentais.

E se os extremos não forem mais que uma ficção, alimentada culturalmente para que tenhamos parâmetros dentro de padrões de comportamento socialmente desejado? 

A história nos revela que esses parâmetros mudam com o tempo, assim como são diferentes em diversas culturas, tanto no passado como no presente.

É fato que a evolução nas comunicações trouxe uma tentativa de cultura global, onde novos parâmetros precisam ser revistos ou impostos.

No momento, vemos um mundo dividido e polarizado.

Existem extremistas de direita, que se usam da religião e da violência, além da idealização de um mundo baseado em modelos tidos como perfeitos em um passado imaginado que, de fato, nunca existiu.

De outro lado, extremistas de esquerda, que se apegam a discursos igualmente tidos como perfeitos, mas, também fundados em um passado imaginado, que nunca existiu.

Em ambos os extremos, existe violência, ódio e desequilíbrio.

As pessoas são forçadas a assumir uma polaridade, sob pena de não serem compreendidos ou sofrerem agressões de ambos os lados.

Assim, não existe o livre pensar. É preciso enquadrar o pensamento dentro de limites extremos.

Assim, o diálogo, a coerência (que é mutável, como tudo no multiverso), a evolução do pensamento, todos morrem.

As artes diminuem sua influência sobre as pessoas, que já não pensam e, por isso, não a percebem.

Os filósofos, com o seu questionamento sobre a realidade e sobre os aspectos político-sociais, diminuem em importância e em reconhecimento.

E se estivermos errados? E se os extremos não forem nada além de coleiras para nos manter em linha reta em direção a um destino que não escolhemos?

E se os extremos se sentarem à mesma mesa, diante do mesmo banquete, servido por todos nós?

E se nenhum extremo existir? E se a morte não for um fato, mas, apenas um contraponto para a vida. E se avida não for, da mesma forma, um contraponto para a morte? E se, no final das contas, a vida seja eterna, dentro de um limite apenas temporal?

E se....






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