BRASILEIRO É ASSIM....

 
Existe um painel criado no site do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)[1], onde podemos acompanhar o número de pessoas que vivem no Brasil em tempo real. O tempo médio para que acrescente um novo cidadão no painel é de 19 segundos. Na visita que fiz em 23 de agosto de 2015, o número de habitantes havia alcançado a incrível marca de 204.707.223. Em outra, encontrei um número maior, nesse mesmo dia: 206.955.124 habitantes[2]. Desse total, 49,2% é de homens, enquanto 50,8% são mulheres. Apenas nesse dia, o Brasil ganhou mais 4.680 habitantes.

Esses números dão uma dimensão sobre a tolice em se dizer “brasileiro é assim....”, pois, seria impossível que tanta gente fosse tão igual e, portanto, merecedora de qualquer tipo de rótulo.
Para incrementar esse caldeirão de raças e diversidade de origens migratórias, sabemos que existem tantas subculturas dentro de nosso país, que, ao conversarmos com pessoas de diversas regiões, evidenciaremos os diferentes sotaques e maneiras de expressão.

Qualquer tentativa de classificar o povo brasileiro com algum tipo de característica comum, não terá a menor possibilidade de sustentação científica – a estatística já é por si a primeira barreira, face à grandeza numérica já mencionada.

Mas outra questão que emerge é a de que essa expressão que precede muitas conversas por aí – “brasileiro é assim...” – vem de brasileiros e a pergunta imediata seria: se o brasileiro é assim, quem está colocando a questão, sendo brasileiro, assume também esse rótulo? É aí que se configura uma situação curiosa: imagino alguém que, sendo brasileiro, coloca-se à parte, como sendo pertencente a alguma classe de exceção, única capaz de enxergar os demais compatriotas e “perceber” que todos são merecedores de algum tipo de “rótulo”, sendo o protagonista um observador privilegiado. Nada mais arrogante e absurdo.

Vamos, então, perguntar: que tipo de brasileiro está se referindo? Homens ou mulheres? De que extrato socioeconômico? Mas, ainda assim, seriam todos os homens iguais? Ou todas as mulheres com a mesma característica? A idade dessas pessoas contaria? Seus credos, a origem de suas famílias? Nada disso nos levaria a algum dado confiável.

O que ocorre com o país tem a ver com seu processo histórico e suas influências nos mecanismos de poder que definem a qualidade da educação, da saúde e de acesso à cidadania. Assim sendo, o povo brasileiro é diverso, mas, o que existe em comum, é a condição política e sociológica que criam o cenário onde essas pessoas se relacionam e desenrolam suas histórias pessoais.

Em minha opinião, não seria correto dizer “o brasileiro é assim...”, mas talvez, “o brasileiro está sujeito a....”.  Melhor pensando, seria melhor dizer: “Quero mudar o Brasil, e, para isso, vou oferecer minha contribuição...”.




Comments

Popular posts from this blog

GUERRA À ESTUPIDEZ

A PRAIA

Resenha do livro: O Vôo da Gaivota, de Emmanuelle Laborit.