Quero um mundo mais sagrado e menos mercado...
Quero poder sair de casa e me encantar com o caminho, com os pássaros, as plantas e as pessoas. Mesmo que estejam ofuscadas por letreiros, outdoors e placas de trânsito. Quero pensar que o destino é só um ponto para onde me dirijo, mas que pode ser mudado, se aprender com o caminho.
Quero um mundo onde as crianças sejam vistas com encanto, que sejam consideradas como anjos, e que, por essa razão, não sejam vistas nos sinais pedindo esmolas.
Um mundo em que os idosos sejam considerados sábios, que possamos nos aconselhar com eles, ao invés de serem jogados em asilos ou nas ruas das cidades.
Quero olhar no espelho e ver alguém que pode ser um entre tantos outros seres neste planeta, mas entender que, apesar disso, é único e, portanto, sagrado.
Não quero mais ver pessoas tentando serem outras, querendo ter a aparência que o mercado definiu como bela, mas quero ver pessoas se admirando com pequenas coisas, como, por exemplo, uma borboleta. Um mundo mais Mandela, menos Bill Gates.
Quero sonhar com um passeio descalço nas areias da praia e não com um novo modelo de automóvel ou tablet.
Um mundo onde a gente se sinta feliz em estar com os outros e não pensemos nesses outros como pessoas a serem superadas, numa competição frenética em que apenas uns vencem e a maioria fica para trás.
Quero, enfim, ver a luz muitas vezes ofuscada pela maquiagem artificial das metrópoles, nos olhos das pessoas quem passam nas ruas e senti-las, assim, em sua essência. Um mundo mais sagrado e menos mercado, porque o sagrado é único e exige reverência, além de libertador e leve, enquanto o mercado é fútil, volátil e descartável, além de pesado e aprisionador.
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