O Bem e o Mal dentro de todos nós.

 

 



 

“À medida que avançava em suas reflexões, uma dedução lhe deu calafrios: é possível que a relação entre a humanidade e o mal seja semelhante à relação entre o oceano e o iceberg que flutua em sua superfície? Tanto o oceano quanto o iceberg são feitos do mesmo material. O iceberg só parece diferente porque tem outra forma. Na realidade, é apenas uma parte do vasto oceano...

Era impossível esperar um despertar moral da humanidade assim como era impossível esperar que os humanos movessem a Terra com seus próprios cabelos.” Liu, Cixin (O Problema dos Três Corpos – 1ª Edição – Rio de Janeiro – Suma, 2016)

 

Esse texto revela talvez a raiz do caos humano. Mergulhados em crendices e ideologias rasas, fechamos os olhos e naturalizamos as mais cruéis mazelas que ocorrem diante de nós.

Dos invisíveis mendigos que povoam as ruas, que só se tornam vistos quando se tenta limpá-los das ruas, como se sujeira fossem, às bombas que caem sobre civis no oriente, às balas perdidas que, na verdade têm um roteiro certo, que são jovens pretos e pobres, naturalizamos e passamos nossos dedos ágeis sobre as matérias nas redes sociais, buscando sentido no consumo ou em fantasias.

Atribuímos a culpa ao “inimigo”, à “política”, como se tudo isso não fosse invenção humana.

Em cada ato violento, existe um ser humano como todos nós, que se deixou levar pela necessidade de sobrevivência, por ordem imposta, por acreditar em alguma narrativa ou crença.

É preciso que essas abstrações inexistentes sejam criadas como forma de justificar nossos crimes, por ação ou por omissão.

É mais fácil assim, do que enfrentar o mundo e ser pisoteado, rotulado e posto de lado tal como fazemos com os menos favorecidos e vulneráveis.

Somos hipócritas e a simples aceitação dessa verdade, nos permitiria o olhar crítico sobre nós mesmos.

Talvez, por essa razão, os sábios são humildes.

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