O ANIMAL SOCIAL: EM BUSCA DE ACEITAÇÃO E AFETO
“Por que a similaridade percebida
torna as pessoas atraentes? Há pelo menos duas razões principais. Primeiro,
para a maioria de nós é óbvio que pessoas que compartilham nossas atitudes e
opiniões sobre tópicos importantes são extraordinariamente inteligentes e
ponderadas, e é sempre gratificante e interessante conviver com pessoas
inteligentes e ponderadas. É claro que são: elas concordam conosco! Segundo, elas
nos proporcionam validação social para nossas crenças; ou seja, satisfazem
nosso desejo de nos sentirmos corretos.” (ARONSON Eliot: O Animal Social, Editora
Goya, 2023, pag 333)
Esse texto mostra como nos
comportamos, via-de-regra.
Tudo parece se resumir na
necessidade que temos de afeto e aceitação.
Se, por um lado, nos possibilita
transitar pela sociedade de forma mais fácil, pode nos induzir, em algumas
situações, na condição de sermos obrigados a seguir regras, “cartilhas de conduta” (termo que criei para
traduzir nosso comportamento guiado pela sociedade), e nos colocar contra
outros grupos considerados como contrários, por entendermos que podem ameaçar
nossas crenças e prejudicar nossos objetivos sociais e pessoais.
Assim, podemos viver numa Matrix
do “nós e os outros”, num confronto direto e perigoso.
Não cabe nessa lógica, o
pensamento crítico e a busca por informações verossímeis.
Abandonamos nossa capacidade de
pensamento e passamos a seguir narrativas, abrindo o caminho para todo tipo de preconceito
e violência.
O autor menciona que o nosso
comportamento seletivo, resultado da evolução do homo sapiens ao longo de sua
jornada na Terra, foi útil quando o grupo se deparava com alguém de fora,
muitas vezes uma ameaça real pela disputa por território, recursos etc.
Quando surgiram as sociedades
mais complexas, os grupos passaram a adotar fronteiras, religiões, hinos e
bandeiras próprios e travam, até os dias atuais, uma luta por mercados e
riquezas que invariavelmente resultam em guerras e barbárie.
Para o autor mencionado, um
caminho para corrigir essa distorção seria o pensamento colaborativo. Como
vivemos em um mundo competitivo, (desde a infância somos levados à
classificação por notas na escola e isso evolui para o mundo do trabalho), o “outro”
é sempre uma ameaça.
Em seu livro “O Animal Social”,
são trazidos resultados positivos de experimentos levados a algumas escolas
norte-americanas, em que a educação colaborativa permitiu que grupos de etnias
e condições sociais diversas se aproximassem e interagissem, vencendo a barreira
do preconceito.
O princípio é tornar o “nós” o
mais abrangente possível. O ingrediente usado nesse estudo foi estabelecer
um objetivo comum a todos, com a necessidade de interação para que os
resultados fossem alcançados.
O autor revela também, que ao nos
manifestarmos, tendemos a expressar nossos impulsos naturais, de forma
automática. Muitas vezes dizemos o que não queremos e depois nos arrependemos.
Isso nos remete ao pensamento
oriental, o budismo, que nos educa a meditar, a pensar antes de falar. Ao
meditar, não damos vazão aos nossos impulsos e a manifestação se torna mais
consciente e elaborada.
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